Katsuki me ajudou a entrar no carro dele, tomando muito cuidado para não amassar meu traje de seda e linho, as flores que ele acabara de prender em meus cachos elaboradamente penteados e em meu gesso volumoso. Ele ignorou a raiva em minha boca. Quando me acomodou, foi para o banco do motorista e deu a ré pela entrada de carros longa e estreita.
- A que altura exatamente vai me dizer o que está acontecendo? - perguntei, amuado.
- Estou chocado que ainda não tenha deduzido isso sozinho. - Ele me lançou um sorriso de escárnio e minha respiração ficou presa na garganta. Será que um dia eu me acostumaria com sua perfeição?
- Já lhe disse que você está muito bonito? - indaguei.
- Sim. - Ele sorriu de novo.
Nunca o vira de vermelho e, com o contraste com sua pele clara, sua beleza era absolutamente surreal. Isso eu não podia negar, mesmo que o fato de ele estar usando uma blusa social carmim me deixasse muito nervoso. Não tão nervoso quanto com o colete. Ou o sapato. Só um pé, o outro pé ainda estava enclausurado em gesso. Mas o tênis vermelho, o meu preferido, certamente iria me ajudar enquanto eu tentasse cambalear por aí.
- Não vou voltar mais se Mina for me tratar como a Barbie Cobaia quando eu vier - eu fui firme.
Passara a maior parte do dia no banheiro fabulosamente enorme de Mina, uma vítima impotente enquanto ela brincava de cabeleireira e maquiadora. Sempre que eu me mexia ou reclamava, ela me lembrava de que não tinha nenhuma lembrança de ser humano e me pedia para não estragar sua diversão substituta. Depois ela me colocou no terno mais ridículo - camisa social branca, com um colete verde-escuro e uma calça muito apertada, com uma etiqueta francesa que não pude ler - um terno mais adequado a uma passarela do que a Musutafu. Nada de bom podia advir de nossos trajes formais, disso eu tinha certeza. A não ser... Mas eu tinha medo de colocar minhas suspeitas em palavras, mesmo em minha própria cabeça. Fui distraído pelo som de um telefone tocando. Katsuki sacou o celular de um bolso da calça, olhando rapidamente o identificador de chamadas antes de atender.
- Oi, Hisashi - disse ele com cautela.
- Hisashi? - Franzi a testa.
Hisashi tem sido... difícil desde minha volta a Musutafu. Ele compartimentara minha experiência ruim em duas reações definidas. Em relação a Masaru, foi de uma gratidão quase venerada. Por outro lado, ele teimosamente se convenceu de que a culpa era de Katsuki - porque, se não fosse por ele, eu não teria saído de casa, antes de tudo. E Katsuki estava longe de discordar dele. Ultimamente eu tinha regras que não existiam antes: toque de recolher... horas de visita. Alguma coisa que Hisashi dizia estava deixando os olhos de Katsuki arregalados de descrença e depois um sorriso se espalhou por seu rosto.
- Está brincando! - ele riu.
- Que foi? - perguntei. Ele me ignorou.
- Por que não me deixa falar com ele? - sugeriu Katsuki com um prazer evidente. Ele esperou alguns segundos.
- Oi, Ojiro, aqui é Katsuki Bakugou.
Sua voz era muito simpática, superficialmente. Eu o conhecia muito bem para sentir o tom de ameaça. O que Ojiro estava fazendo na minha casa? A verdade medonha começou a me ocorrer. Olhei novamente o traje inadequado que Mina me obrigara a usar.
- Lamento se houve algum mal-entendido, mas Deku não está disponível esta noite. - O tom de Katsuki mudou e a ameaça em sua voz de repente era muito mais evidente quando ele continuou. - Para ser franco, ele não estará disponível em noite nenhuma, pelo menos para ninguém além de mim. Não se ofenda. E lamento sobre sua noite. - Ele não parecia lamentar nada. E então ele fechou o celular com um sorriso enorme no rosto.
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Twilight | •BakuDeku•
Fanfiction[Concluído] • • •「◆」• • • Nunca pensei muito em como morreria - embora nos últimos meses tivesse motivos suficientes para isso -, mas, mesmo que tivesse pensado, não teria imaginado que seria assim. Olhei fixamente, sem respirar, através do grande s...