Capítulo 8 - Shinjuku

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Ura dirigia mais rápido do que um ás do volante, então partimos para Shinjuku às quatro horas.

Havia algum tempo que eu não saía à noite com amigos meus e o afluxo de estrogênio era revigorante. Ouvimos as baladas lamentosas de rock enquanto Uraraka tagarelava sobre os meninos com quem saíamos. O jantar de Uraraka com Iida tinha sido ótimo e ela esperava que no sábado à noite eles tivessem avançado para a fase do primeiro beijo. Sorri para mim mesmo, satisfeito. Tsuyu estava passivamente feliz por ir ao baile, mas na verdade não estava interessada em Tokoyami. Ura tentou fazê-la confessar quem era o tipo dela, mas depois de um tempinho eu interrompi com uma pergunta sobre os vestidos, para poupá-la. Tsuyu me lançou um olhar de gratidão.

Shinjuku era uma linda armadilha para turistas, muito mais refinada e singular do que Musutafu. Mas Uraraka e Tsuyu conheciam muito bem a cidade, então não pretendiam perder tempo no pitoresco calçadão junto à baía. Ura dirigiu direto para uma das grandes lojas de departamentos da cidade, que ficava a algumas ruas da área da baía que agradava os visitantes.

O traje do baile foi anunciado como passeio completo e não tínhamos muita certeza do que isso significava. Uraraka e Tsuyu demonstraram surpresa e quase descrença quando lhes contei que nunca fora a um baile em Tóquio.

— Você nunca saiu com um namorado ou namorada, nem nada disso? — perguntou Ura desconfiada enquanto passávamos pelas portas da loja.

— É verdade — tentei convencê-la, sem querer confessar meus problemas com a dança. — Nunca tive namorado ou namorada e nem nada parecido. Eu não saía muito.

— E por que não? — quis saber Uraraka.

— Ninguém me convidava — respondi com sinceridade. Ela me olhou cética.

— As pessoas te convidam para sair aqui — lembrou-me ela — e você diz não a elas. — Agora estávamos na seção juvenil, olhando as araras em busca de roupas de noite.

— Bom, a não ser pelo Ojiro — corrigiu Tsuyu em voz baixa.

— Como é? — eu arfei. — O que foi que você disse?

— O Ojiro contou a todo mundo que vai levar você ao baile dos alunos — informou-me Uraraka com olhos desconfiados.

— Ele disse isso? — Tive a impressão de que ia sufocar.

— Eu te falei que não era verdade — murmurou Tsuyu para Uraraka.

Fiquei em silêncio, ainda completamente em uma espécie de choque, que rapidamente estava virando irritação. Mas tínhamos achado as araras de vestidos e agora havia um trabalho a fazer.

— É por isso que a Hagakure não gosta de você — disse Uraraka entre risos enquanto manuseávamos as roupas. Trinquei os dentes.

— Você acha que se eu o atropelasse com o meu Silvia ele pararia de se sentir culpado pelo acidente? Que ele podia desistir de tentar compensar e nós estaríamos quites?

— Talvez — Uraraka riu baixinho. — Se for por isso mesmo que ele está agindo assim.

As opções de vestidos não eram muitas, mas as duas acharam algumas coisas para experimentar. Fiquei sentado em uma cadeira baixa do lado de fora das cabines de prova, perto do espelho triplo, tentando controlar minha fúria. Ura ficou dividida entre dois — um tomara que caia longo e preto bem básico e um azul-elétrico na altura dos joelhos com alças finas. Eu a estimulei a ficar com o azul; por que não realçar os olhos? Tsuyu escolheu um vestido rosa-claro que caiu muito bem em seu corpo alto e destacou os tons de floresta do cabelo esverdeado. Não economizei elogios e as ajudei a recolocar nas araras as roupas rejeitadas. Todo o processo foi muito mais curto e mais fácil do que as viagens semelhantes que eu fazia com Inko na minha cidade. Acho que havia vantagens nas opções limitadas.

Twilight | •BakuDeku•Onde histórias criam vida. Descubra agora