Pude sentir que era cedo demais quando acordei de novo, e eu sabia que estava invertendo meus horários, trocando o dia pela noite. Fiquei deitado na cama e ouvi a voz baixa de Mina e Sero no outro cômodo. O fato de que estavam altas o bastante para que eu ouvisse era muito estranho. Rolei até que meu pés tocaram o chão e cambaleei para a sala. O relógio da TV dizia que passava um pouco das duas da manhã. Mina e Sero estavam sentados juntos no sofá, Mina desenhando de novo e Sero olhando por sobre seu ombro. Eles não se viraram quando entrei, envolvidos demais no trabalho de mina. Andei de mansinho até o lado de Sero para espiar.
- Ela viu mais alguma coisa? - perguntei a ele em voz baixa.
- Sim. Alguma coisa a levou de volta à sala com o vídeo, mas agora há luz.
Observei Mina desenhar uma sala quadrada com vigas escuras no teto baixo. As paredes eram revestidas de madeira, um pouco escura demais, fora de moda. O piso tinha um carpete escuro com uns desenhos. Havia uma janela grande na parede sul e uma abertura na parede oeste levava à sala de estar. Um lado dessa entrada era de pedra - uma grande lareira de pedra caramelo que se abria para os dois cômodos. Dessa perspectiva, o foco da sala, a TV e o videocassete, equilibrados em um rack de madeira pequeno demais, estavam no canto sul da sala. Um sofá modulado envelhecido se curvava em torno da frente da TV, uma mesa de centro diante dele.
- O telefone fica aqui - sussurrei, apontando. Dois pares de olhos eternos me fitaram.
- Esta é a casa da minha mãe.
Mina já estava fora do sofá, o telefone na mão, teclando. Olhei o retrato exato da sala de estar de minha mãe. Sero, o que não era característico dele, deslizou para mais perto de mim. Tocou de leve em meu ombro e o contato físico parecia intensificar sua influência tranquilizadora. O pânico permaneceu sufocado, sem foco. Os lábios de Mina tremiam com a velocidade de suas palavras, o zumbido baixo impossível de decifrar. Eu não conseguia me concentrar.
- Deku - disse Mina. Olhei para ela, entorpecido.
- Deku, Katsuki vem pegar você. Ele, Eijiro e Masaru o levarão para algum lugar, para escondê-lo por algum tempo.
- Kacchan está vindo? - As palavras foram como um colete salva-vidas, mantendo minha cabeça acima da inundação.
- Sim, ele vai pegar o primeiro voo para Kodaira. Vamos nos encontrar com ele no aeroporto e você partirá com ele.
- Mas, minha mãe... Ela vai atrás da minha mãe, Mina! - Apesar de Sero, a histeria borbulhava em minha voz.
- Sero e eu ficaremos até que ela esteja segura.
- Não posso vencer, Mina. Você não pode proteger todo mundo que eu conheço para sempre. Não vê o que ela está fazendo? Ela não está mais me rastreando. Ela vai encontrar alguém, vai machucar alguém que eu amo... Mina, eu não posso...
- Nós vamos pegá-lo, Deku - ela me garantiu.
- E se você se ferir, Mina? Acha que está tudo bem para mim? Acha que é só a minha família humana que ele pode usar para me atingir?
Mina olhou sugestivamente para Sero. Fui dominado por uma névoa de letargia intensa e pesada, e meus olhos se fecharam sem minha permissão. Minha mente lutou contra a névoa, percebendo o que acontecia ali. Forcei meus olhos a se abrirem e me levantei, soltando a mão de Sero.
- Não quero voltar a dormir - rebati.
Fui até o quarto e fechei a porta, na verdade a bati, assim eu podia ficar livre para reunir as peças em particular. Desta vez Mina não me seguiu. Por três horas e meia fiquei olhando a parede, enroscado em uma bola, balançando-me. Minha mente andava em círculos, tentando tirar algum sentido deste pesadelo. Não havia escapatória, nenhuma alternativa. Eu só podia ver um final possível assomando sombriamente em meu futuro. A única pergunta era quantas outras pessoas seriam feridas antes que eu chegasse lá.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Twilight | •BakuDeku•
Fanfiction[Concluído] • • •「◆」• • • Nunca pensei muito em como morreria - embora nos últimos meses tivesse motivos suficientes para isso -, mas, mesmo que tivesse pensado, não teria imaginado que seria assim. Olhei fixamente, sem respirar, através do grande s...