Capítulo 12 - Oscilando

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- Enji! - Gritou Hisashi assim que saiu do carro. Eu me virei para a casa, acenando para Shoto enquanto corria para a varanda. Ouvi Hisashi cumprimentá-los ruidosamente atrás de mim.

- Vou fingir que não o vi ao volante, Shoto - disse ele em um tom de censura.

- Conseguimos a carteira mais cedo na reserva - disse Shoto enquanto eu destrancava a porta e acendia a luz da varanda.

- Sei, claro que sim. - Hisashi riu.

- Eu tenho que me locomover de algum jeito. - Reconheci com facilidade a voz ressoante de Enji, apesar dos anos. Seu som fez com que eu me sentisse mais novo de repente, uma criança.

Entrei, deixando a porta aberta e acendendo as luzes antes de pendurar o casaco. Depois fiquei parado à porta, olhando ansiosamente enquanto Hisashi e Shoto ajudavam Enji a sair do carro e sentar em sua cadeira de rodas. Saí do caminho quando os três entraram às pressas, sacudindo a água da chuva.

- Que surpresa - dizia Hisashi.

- Faz muito tempo - respondeu Enji. - Espero que não seja má hora. - Seus olhos claros lampejaram para mim de novo, a expressão indecifrável.

- Não, está tudo ótimo. Espero que possa ficar para o jogo.

Shoto sorriu.

- A ideia é essa... Nossa TV quebrou na semana passada.

Enji fez uma careta para o filho.

- E é claro que Shoto estava ansioso para ver Deku novamente - acrescentou ele. Shoto deu-lhe um olhar zangado e abaixou a cabeça enquanto eu lutava contra um surto de remorso. Talvez eu tivesse sido convincente demais na praia.

- Estão com fome? - perguntei, virando-me para a cozinha. Estava ansioso para escapar do olhar perscrutador de Enji.

- Não, comemos antes de vir para cá - respondeu Shoto.

- E você, Hisashi? - gritei por sobre o ombro enquanto fugia para a bancada.

- Claro - respondeu ele, a voz na direção da sala e da TV. Eu podia ouvir a cadeira de Enji seguindo-o.

Os sanduíches de queijo grelhados estavam na frigideira e eu fatiava um tomate quando senti alguém atrás de mim.

- E aí, como vão as coisas? - perguntou Shoto.

- Muito bem. - Eu sorri. Era difícil resistir a seu entusiasmo. - E você? Terminou seu carro?

- Não. - Ele franziu a testa. - Ainda preciso de peças. Pegamos esse emprestado. - Ele apontou com o polegar na direção do jardim.

- Lamento. Não vi nenhum... O que estava procurando mesmo?

- Um cilindro mestre. - Ele sorriu. - Alguma coisa errada com o Silvia? - perguntou ele de repente.

- Não.

- Ah, eu estranhei você não estar dirigindo.

Encarei a frigideira, levantando a beirada de um sanduíche para verificar o lado de baixo.

- Peguei uma carona com um amigo meu.

- Carona legal. - A voz de Shoto era de admiração. - Mas não reconheci o motorista. Pensei que conhecia a maior parte do pessoal daqui. Assenti sem querer me comprometer, mantendo os olhos baixos ao virar os sanduíches.

- Meu pai parecia conhecê-lo de algum lugar.

- Shoto, pode me passar alguns pratos? Estão no armário embaixo da pia.

- Claro.

Ele pegou os pratos em silêncio. Eu esperava que ele agora desistisse do assunto.

- E aí, quem era? - perguntou, colocando dois pratos na bancada ao meu lado. Suspirei, derrotado.

Twilight | •BakuDeku•Onde histórias criam vida. Descubra agora