𝑈𝑚 𝐴𝑚𝑜𝑟, 𝐷𝑖𝑣𝑖𝑛𝑜

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             𝑌𝑎𝑛𝑑𝑒𝑟𝑒 𝑁𝑜𝑏𝑟𝑒/𝐿𝑜𝑟𝑑𝑒 𝑋 𝐿𝑒𝑖𝑡𝑜𝑟𝑎

             𝑌𝑎𝑛𝑑𝑒𝑟𝑒 𝑁𝑜𝑏𝑟𝑒/𝐿𝑜𝑟𝑑𝑒 𝑋 𝐿𝑒𝑖𝑡𝑜𝑟𝑎

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Meu querido Senhor

Por favor salve minha alma

Deste desejo

Isso está queimando meu interior

Manalus orou febrilmente, com as pernas dormentes por estar ajoelhado no chão frio, as mãos estendidas e voltadas para o céu, seu lindo rosto marcado por uma expressão de desespero diferente de qualquer outra.

Salve-me desta tentação

Pois temo a Tua ira

Eu sou um homem justo

Então não deixe meu coração se perder

No caminho da luz

Mantenha-me firme

Como essa loucura começou? Manalus lembrava-se daquele dia com clareza, como se tivesse sido ontem.

Ele estava olhando pela janela, admirando o dia chuvoso no conforto de sua acolhedora propriedade situada no topo de uma colina, com vista para a extensa cidade abaixo de sua posição elevada. Fumaça branca subia das chaminés das casinhas que pontilhavam a paisagem, alimentando a névoa cinzenta da chuva e da poluição atmosférica.

O que chamou sua atenção, porém, foi o vulto curvado de uma pessoa em uma das estradinhas, abandonada pelo povo com a chegada da chuva torrencial.

Uma mulher, ele percebeu, que tinha sua forma escondida por um longo sobretudo marrom-amarelado e um lenço na cabeça ricamente bordado, estava curvada, aparentemente acariciando um... gato de rua, que comia avidamente de uma pequena tigela de madeira. Manalus semicerrou seus impressionantes olhos verde-floresta, estranhamente fascinado por essa cena de bondade.

Não que ele nunca tivesse visto outras pessoas sendo carinhosas com os animais vadios desta cidade, afinal, esses gatos em particular mantinham a população de roedores sob controle. Manalus supôs que talvez fosse o sorriso dela, pequeno e escondido do resto do mundo que se afogava, destinado a não ser visto por ninguém.

Muito depois de ela ter partido e de o gato ter se escondido debaixo do caixote de madeira que a mulher tinha feito como abrigo improvisado contra a chuva torrencial, Manalus repetiu a cena mais algumas vezes do que gostaria de admitir.

A próxima vez que ele a viu foi naquela grande casa de culto azul com cúpula, situada no centro da cidade. Por um momento, contra todas as probabilidades deste mundo, seus olhos encontraram os dela (e/c) por um momento, e por Deus, seu coração bateu um pouco mais forte.

Apressadamente, mas lamentavelmente, ele desviou o olhar, temendo que seus pensamentos tomassem uma direção inadequada. Vergonhosamente e com um sentimento crescente de desespero, Manalus percebeu que não conseguia concentrar-se na sua oração pela primeira vez.

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