Eu, Amor

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Fugi. De tanto partir calada e me pedir para ir embora, fui. De pés nus, como sempre fizemos. Não trouxe bagagens e todas minhas pegadas na areia foram levadas pelo mar de memórias, que você nem mesma se permitiu lembrar. E sobre agora? Não importa nada mais. Esse silêncio inquietante foi tudo o que sempre havia me pedido. As ruas já não gritam mais nas madrugadas e ninguém te leva pra praia, apenas com um copo e uma garrafa de sonhos na mão, quando na cidade passa ninguém.
Não sabemos onde foi o começo e nem o fim, mas sabemos que acabou. O pôr do sol não caminha mais conosco e a lua deixou de ser nossa amante. Os planos se foram e com eles, eu. Não te trago mais problemas e mesmo que me trague em poemas, nunca serei teu.
Fugiu por insegurança, medo e por amor. Fugi, pois sou Amor e por amar-te até a morte, talvez, tenha sentido inveja de nós. Hoje já não sei se sente falta ou se ainda lembra como me sentia. A cidade, cega, segue nos vigiando, e nós seguimos viajando, sem rumo, mais que sem rumo, para o nunca mais.
Fugi por fazer barulho e silêncio, por fazer chorar e sorrir, por pintar de preto e branco e colorir. Fugiu, por não querer amar, e como dito, sou amor. Fugiu de corpo e alma, por achar que não sentindo, sentiria calma. E não sentiu.

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