Demônios de cada um

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Acordei há pouco, levantei-me e segui minha rotina. Desci pelo elevador, botei meu casaco e fui em direção à minha escola. Ainda dopado de sono, reparei algo diferente no chão, um pedaço de papel com uma simples frase: os demônios de cada um.
Várias coisas passaram pela minha cabeça, mas o sono não as permitiu seguir. Ao voltar da escola, já havia esquecido do mesmo. A chuva e a neblina dominavam a noite, e quase não dava para ver o bordado das estrelas, até que de repente, bati meus olhos no mesmo papel, que agora, após a dança da chuva e da tinta, quase não dava para ser lido.
Os pensamentos voltaram e meu dia mudou completamente. O que há pouco havia se passado despercebido, agora não saía da minha mente. Quem o teria escrito? Por que estaria ali? O que passava pela sua cabeça quando o escreveu? Perguntas cujas respostas nunca saberei...
Seria o começo de uma jornada, ou o fim de uma história? Um adeus no aeroporto, o pai, o doce pai, no caixão no velório, o desespero da oração, para algo real ou apenas para um Deus vazio. Simples frases, que com a água da chuva levam consigo algo que um dia fora verdadeiro. Um sentimento, ou até mesmo um sonho que a dura realidade impediu de existir. Sílabas, letras, frases e palavras partidas, misturando-se ao lixo da rua, vocábulos que ninguém lê, no entanto, escritos, que me fazem refletir; eu queria ser feliz.

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