Sou poeta mas odeio gramática, regras e acentos, em que em nenhum deles, sou eu quem conduz a direção. E você? Sempre foi sua matéria preferida. Vivia brincando, entre aspas, vírgulas e reticências, sem nunca chegar no ponto final. Pulava os acentos, atropelava palavras e seu tempo preferido sempre foi o mais que perfeito. Uma pena que eu não conseguira me encaixar nos seus verbos e acabara tropeçando em meus próprios versos, que me afastaram de você. Confundiu o futuro do pretérito com imperfeito, e fez-me acreditar em cada uma das promessas que você ia, ia, ia, mas nunca foi. O problema, talvez, fosse que seu perfeito se dava pela falta de presente, e do indicativo de amor. E eu, sempre fiz questão de me fazer em amores e presentes por você.