Encontro parte 1

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Por Diego:

- Que roupa você acha que seus pais vão gostar mais? - perguntei a Cami, levantando duas camisas nas mãos.

- Não sei. Por que está tão preocupado com isso? - ela respondeu do outro lado da tela, enquanto arrumava o mural de fotos.

Estamos em vídeo conferência. E hoje tenho um almoço marcado com seus pais que querem me conhecer.

- A culpa não é minha se você marca um almoço sem nem mesmo me perguntar antes. - joguei as duas camisas na cama e voltei ao guarda roupa.

- Que eu me lembre, VOCÊ que quis conhecer minha mãe. Se tivesse me escutado, ela não teria te visto e eu não teria que dizer que supostamente estamos namorando. - Cami citou, dando ênfase na palavra "você".

Fiquei calado. Realmente ela quis me esconder, mas a verdade ia aparecer um hora ou outra. Então, não faz diferença. Continuei vasculhando o armário, tirando várias peças de roupa e as amontoando em cima da cama.

- E aliás, a ideia foi deles, não minha. O que queria que eu fizesse? Pais costumam querer saber com quem os filhos se relacionam. Pelo menos é isso que eu acho. - ela tirou a atenção da tela e colocou cuidadosamente uma foto na parede.

- É, mas eu não estava preparado psicologicamente para isso. - sentei na cadeira em frente a escrivaninha, cansado.

- Diego, é só um almoço e não o começo da terceira guerra mundial, relaxa. - mesmo não querendo tinha que concordar. - Além de que - continuou - você é meu namorado e namorados conhecem os pais das namoradas. É isso que namorados fazem.

Às vezes, eu acho que Cami está levando isso a sério demais.

- Não sabia que existia um regulamento dos namorados. - falei, provocando-a. Ela me olhou, séria. - Calma, foi só uma brincadeira. Estressadinha.

- Há há, que engraçado. Agora vê se para de encher minha paciência e vai se arrumar rápido, porque está quase na hora.

- Mas e a...

- Tchauzinho! - falou antes de desligar a câmera na minha cara.

Suspirei.

Onde é que eu estava com a cabeça quando concordei com isso...?

Me arrumei rápido e em poucos minutos já estava saindo de casa. Decidi ir o mais simples possível. Assim não tinha como errar. Peguei as chaves do carro e sai. Tirei minha carteira de motorista a pouco tempo, então o usei poucas vezes . E a julgar pela experiência, digamos que ainda tenho um pouco de receio em dirigir. Respirei fundo e supliquei mentalmente para nada dá errado. Girei a chave e dei partida. Minha sorte é que a casa de Cami é por volta de uns quinze minutos da minha.

Parei em frente a fachada quando já era meio dia e meia. Fiquei imóvel por uns segundos, tomando coragem para saí. É meu primeiro encontro com os pais de uma garota e o pior é que nem sequer estamos namorando de verdade. Senti o celular vibrar em meu bolso. Havia uma mensagem dela.

"Cadê você? Estou esperando". E uma carinha brava.

"Estou aqui na frente" - respondi.

"Então vem logo!" - mandou.

Até por mensagem ela consegue ser autoritária. Ri disso e me senti mais tranquilo. Não poderia ser tão ruim assim.

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Por Cami:

Meus nervos estão a flôr da pele. Nunca me senti tão nervosa em toda a minha vida, nem mesmo quando me apresentei como presidente do Grêmio para toda a escola. Mas isso é diferente. Eu estou acostumada a liderar, organizar, resolver tudo para os outros, mas não estou pronta para organizar minha própria vida.

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