Raíssa:
Sabe aquela sensação estranha que a gente sente quando temos algo de muito importante ou assustador a fazer. Tipo quando chega o dia da apresentação de um trabalho e você sabe que vai ter que ficar em pé com a sala inteira olhando para você, e então vem aquele nervosismo angustiante que dá um frio na barriga? Pois é, é assim que me senti ao entrar no colégio essa manhã.
Gabi mandou inúmeras mensagens noite passada pedindo desculpas, além de trezentas ligações. Pedro disse que eu devia desculpá-la e acabar logo com esse clima ruim. Em parte, ele tem razão. Gabi está realmente se esforçando, mas ela também tem que entender o meu lado. Não vou desculpá-la assim tão facilmente. Por fim, acabei a ignorando.
Abri o armário para guardar os livros que não ia precisar para as próximas aulas. Tirei da bolsa meu exemplar novinho em folha, marcado com uma fita roxa entre as páginas. Passei a madrugada o lendo, tanto que isso explica por que dormi o caminho inteiro no ônibus e quase passo da minha parada. O fitava com atenção até sentir duas mãos tampando meus olhos.
- Quem é? - perguntei, rindo. Joguei as mãos para trás, tentando alcançar seu rosto.
- Ei, não vale. - esquivou-se. Reconheci sua voz.
- Pedro! - dei um tapa em sua mão, que o fez destampar meus olhos.
- Surpresa! - ele levantou os braços, dizendo.
- Bobo. - empurrei seu ombro.
- Um pouco. - riu. - Que livro é esse? - encarou o livro em minha mãos.
- Ah, é novo. - levantei, mostrando a capa.
- Legal. - ele o pegou, olhando com atenção. - Bem sua cara. - devolveu.
- Sim. E adivinha quem me deu?
- Seus pais? - indagou.
- Não.
- Hum...- murmurou. - Gabriela?
- Não! Nada a ver. - ri.
- Algum admirador secreto? - sorriu com malícia.
- Mais ou menos isso.
- Se for quem eu estou pensando então nem quero saber.
- Se a sua resposta começa com T...
Pedro revirou os olhos.
- Fala sério...
- Thomaz. O próprio. - respondi.
- Mas ele nem falava com você até ontem.
- Eu sei. Por isso achei estranho.
- Devia devolver. - Pedro me olhou como se eu tivesse feito algo extremamente errado.
- E perder a chance de ler um dos maiores clássicos de todos os tempos? Nem pensar.
- Raíssa...
- Não se preocupe. Vou cuidar disso.
Diego:
- O que pensa em fazer agora? - a voz de Cami me acordou de meus pensamentos.
- Sinceramente, não faço ideia. - desviei o olhar da janela. Estamos no carro, indo para a escola. Cami fez questão de ir me buscar com seu motorista. Tentei negar, mas ela disse que seria melhor para conversarmos.
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Acredite Sempre
RomanceUm encontro inesperado + um par de olhos castanhos + um passado sombrio= um romance épico. Acreditar. É uma palavra com um significado tremendo. Eu acredito em muitas coisas. Acredito no melhor desse mundo , que dias ruins passam e que a humanidade...