Detenção

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Por Raíssa: 

-Ok. A gente precisa fazer alguma coisa.
 
    Ainda estávamos no refeitório. Agora já havia poucas pessoas. Pedro e Gabi continuavam sentados na nossa mesa, olhando para mim, que não parava de andar de um lado para o outro, desesperada.

    - Ficar andando assim feito louca não vai ajudar. - Pedro disse.

    - Se tiver uma ideia melhor, diga.- o olhei com reprovação.

    - Tá bom, foi mal. - levantou às mãos em sinal de rendição. 

    Gabi permanecia calada, o que era estranho se tratando dela. 

    - A Gabi deve ter alguma ideia. Tá calada até agora. - Pedro disse, olhando para ela.

    - A única coisa que podemos fazer é tentar convencer o diretor. - finalmente ela disse algo. 

   - Ah, claro. Isso é, no mínimo, impossível. - eu disse.

   - Então é o jeito a gente se conformar. - Gabi se rendeu.

   - Odeio concordar com a Gabi, mas ela tem razão. - Pedro concordou. Me joguei na cadeira junto deles sem a menor esperança.

    - Ah, amiga. Não fica assim. Provavelmente ele só vai levar alguns dias de detenção, é novo aqui. Nunca fez nada de errado. 

    - Claro. E tudo por minha culpa. - me sentia péssima. Os dois olharam para mim sem saber o que dizer.

   - Bom, vocês pensam aí no que fazer. Tenho que ir falar com o pessoal do time sobre o treino. Vejo vocês depois. - ele levantou e deu um beijo na bochecha de nós duas antes de sair em direção a quadra. Ficamos uma olhando para cara da outra por um tempo sem falar nada.

    - Não importa. Vou tentar falar com ele mesmo assim. Quem sabe dá certo. - levantei, decidida.

   - Vai mesmo? - Gabi disse. 

   - Sim. E você vem comigo, anda. - a puxei pelo braço e a levei comigo. Que não parou de reclamar um segundo durante o caminho. 

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    Por Diego:
 
   
 Segundo dia de aula e é isso que eu recebo, uma briga. Tudo bem, eu que comecei, mas foi por um motivo. Não podia deixar esse babaca tratar Raíssa daquela forma. Foi o bastante para eu perder totalmente o controle sobre mim mesmo. Quando me dei conta, já estava indo para cima. Não importava o que ia acontecer, se vou levar uma suspensão ou não. Fiz o que ele merecia.

    Fomos levados até a enfermaria seguidos pelo diretor, que andava na frente repetindo as inúmeras regras da escola e como deveríamos seguí-las. Thomaz não disse nada durante o caminho, mas não parecia nada preocupado. 

    Ganhei um curativo do lado direito da testa, onde havia um corte não tão grande. Thomaz estava bem pior para minha felicidade. 

    - Agora que estão em condições de falar, podem me dizer o que realmente aconteceu? 

    Estávamos na sua sala, sentados de frente à sua mesa. Ao  dizer isso, ele olhou diretamente para mim, como se eu fosse o culpado de tudo. 

    - A culpa foi dele. - falamos juntos, apontando um para o outro. 

   - Culpa minha coisa nenhuma! - rebati. 

  - Olha, pai, eu estava no meu canto e ele veio me provocar. Você sabe como o pessoal daqui é, todos tem inveja de mim. - disse com a maior cara de santo. Impressionante sua capacidade de mentir. 

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