Cúmplices

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Raíssa:

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Raíssa:

Odeio a sensação de não conseguir controlar o que sinto. Esse é o problema de ser uma pessoa intensa demais, nós sentimos muito. Não existe um limite, simplesmente vem à tona, toma o controle. É como se eu não fosse a dona da minha própria mente.

Quando eu e Pedro saímos do campo, eu ainda estava soluçando. A discussão com Gabi e todo aquele clima estava me sufocando e fiquei aliviada por sair dali.

- É melhor você lavar o rosto. - Pedro disse quando passávamos em frente aos banheiros.

Afastei meus braços que o rodeavam e tirei minha cabeça de seu peito. O que deixou uma grande parte de sua blusa encharcada.

Limpei as lágrimas que ainda insistiam em cair com a ponta dos dedos, mas não ousei olhá-lo nos olhos. Estava envergonhada demais para isso. Tudo bem que somos amigos a muito tempo, mas acho que ele nunca me viu assim. Só na vez em que tirei nota baixa em matemática no sexto ano e chorei com medo de decepcionar meus pais. Pedro me abraçou naquele dia e disse que ia pessoalmente falar com eles, e ele foi mesmo. Me defendeu o quanto pôde. E então eu soube que ele sempre me protegeria de quem fosse.

- Ok. - assenti ainda de cabeça baixa.

- Vou te esperar aqui. - o ouvi antes de abrir a porta e fechá-la atrás de mim.

Minha cabeça doía de tanto soluçar. Respirei fundo, tentando conter o choro, mas era difícil. Toda vez em que tentava pensar em outra coisa, a cena do beijo se repetia na minha mente, e então, eu desabava de novo.

Não queria sair sem antes me recompor. Não quero ver as pessoas me olhando torto e sussurrando coisas do tipo "por que ela está chorando?" ou "o que será que aconteceu?". Mal saberiam elas que estou chorando por um garoto que nunca nem beijei.

Mas você não precisa ter beijado ou namorado alguém para se apaixonar. Criar laços é algo que vai muito além do que um contato físico. Significa amar essa pessoa pelo simples fato de ser ela, poder ouvir sua voz por horas e nem sequer enjoar, sentir uma faísca se acender em seu coração toda vez que escutar seu nome. E por mais que minha relação com Diego tenha sido apenas uma amizade, nós meio que tínhamos um compromisso um com o outro. É o mesmo que você sair com um cara e tudo dá certo, vocês se conhecem, ele é surper gentil com você, mas no outro dia ele não atende suas ligações, não manda mensagem e simplesmente some. Foi isso que aconteceu com a gente. Nos conhecemos, conversamos e foi incrível, mas aí amanheceu e foi como se nunca tivesse acontecido.

Apoiei minhas mãos na bancada das pias. Ainda estava com o uniforme azul escuro de líder de torcida. Meu cabelo preso com uma fita da mesma cor. A puxei para baixo, desfazendo o rabo de cavalo no topo da cabeça.

Peguei a fita nas mãos e lembrei de Gabi. A garota que falou comigo no primeiro dia de aula. Que me fez companhia na hora do lanche e me ensinou a brincar de amarelinha. Minha cúmplice, amiga e irmã. Mas agora, é a garota que fez questão de me fazer culpada por algo que eu nem mesmo tive controle.

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