Euforia

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Euforia

s.f. (substantivo feminino)

Estado que se caracteriza pelo aparecimento de alegria, otimismo, ânimo etc., mas que não corresponde à realidade da vida da pessoa que diz experimentá-los.

Loki respirou fundo, outra vez esfregando as mãos molhadas do próprio suor, controlando-se. Seu coração batia tão forte no peito que o Deus da trapaça pensou por um segundo que o órgão arrombaria sua caixa torácica e pularia pra fora; batia tão forte que Loki achou que o tamborilar de seu coração poderia ser ouvido por toda a Asgard. Respirar fundo não estava ajudando muito, mas já era algo em que se concentrar; o som das suas respirações e também o peso reconfortante da grande mão de Thor apoiada no meio das suas costas, guiando-o até a saída, pois naquele momento, Loki duvidava que pudesse achar sozinho a saída do Palácio. Os corredores eram vazios, ou talvez Loki não enxergasse nada além do seu objetivo, e também eram absurdamente longos, pareceu demorar uma eternidade para finalmente chegar aos portões do Palácio dourado, e no fim, a única coisa que Loki pôde se concentrar foi nos dedos que faziam pequenas carícias em círculos sobre sua pele. Então Loki fechou os olhos e abriu um grande sorriso, ansioso, Thor lhe falou algo, mas apenas o ruído chegou a seus ouvidos, e Loki nada entendeu. E foi só quando Thor afastou a mão de si que Loki reabriu os olhos.

Estavam diante da entrada principal, ainda dentro do castelo, porém dessa vez as portas estavam abertas e Loki podia ver além delas; podia ver os jardins congelados e a pequena escolta que os acompanharia, preparando os últimos detalhes, e um pouco mais além o Grande Portão que estava sendo aberto.

Aproximando-se deles vinha Fandral, guiando um belo corcel negro; o lendário Sleipnir, o cavalo mais veloz dos nove reinos, que foi presenteado a Thor por Odin. Thor adorava cavalgar nele, pois não havia obstáculos que Sleipnir não pudesse superar, o garanhão perfeito para cavalgar na neve. Loki por outro lado, nunca gostou de montá-lo, era muito ligeiro para ele, e além disso Loki nunca foi bom cavaleiro.

Thor andou encontro a Fandral, tomando as rédeas do cavalo para si, enquanto Fandral lhe fazia uma mesura, sorrindo por debaixo do bigode loiro. Thor agradeceu e acariciou a crina do belo cavalo, e então montou-o de uma vez. Novamente Fandral chamou sua atenção, dessa vez lhe entregando um manto para os ombros e um grande lenço para o rosto, para protegê-lo do frio. Outra vez Thor agradeceu ao loiro, seu amigo e seu guarda mais leal, lhe mostrando os dentes brancos. Então ele esperou, olhando incisivamente para Loki, que o olhou de volta.

– Você não vem? – Thor perguntou, erguendo uma sobrancelha, enquanto apertava as rédeas do cavalo, dando uma volta. – Se mudou de ideia sobre sair, é só falar, e cancelamos tudo isso. Está frio aqui fora, e tenho certeza de que Fandral e os outros guardas prefeririam ficar aquecidos sob um teto à estar cavalgando na neve. – Pontuou sério, sem desviar o olhar, e mesmo com o lenço cobrindo a metade inferior do rosto, sua voz era clara.

– Não mudei de ideia. – Loki falou rápido, erguendo as duas mãos em sinal de trégua, e se aproximou de Thor e do animal. – É só que... Onde está minha montaria? – o moreno perguntou, enquanto ajeitava a capa.

– Não receberá uma montaria própria, você virá comigo, em Sleipnir. – Thor explicou, trotando até Loki, e estendendo a mão para que Loki a segurasse e montasse de uma vez sobre o garanhão, a qual Loki recusou.

– Não. – disse simples. – Não há como eu ir com você. Este cavalo não aguentará nós dois e será desconfortável para mim. – afirmou, cruzando os braços, mesmo sabendo da força daquele alazão.

Thor resistiu a vontade de revirar os olhos, pois não desejava iniciar outra discussão insignificante com seu marido, ou sua mãe. Calmo e pausadamente, o Deus do trovão explicou, como se falasse com uma criança:

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