O Retorno De Thor

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O solo estremeceu quando os portais de madeira foram empurrados, o soar dos passos pesados sobre o chão de pedra e o forte trovão anunciava o retorno do filho legítimo de Asgard. Frigga virou-se em tempo para saudar seu filho, sorridente. 

– Em que estação nós estamos mesmo? – perguntou Thor, cansado, acomodando-se displicente no banco de pedra ao lado do portal. À sua frente estava Frigga, sua mãe. 

– Estamos no verão, querido. – respondeu a Deusa, voltando-se para cuidar das flores murchas da estufa em que estavam. Os fios longos e dourados dançavam com o vento forte e frio daquela temporada. 

Mesmo sendo verão, em Asgard o clima era tão frio e nebuloso quanto às terras geladas de Jotunheim. Thor não se lembrava da última vez que viu a luz do sol sem ser pelo reflexo dos cabelos de sua mãe. 

– Como foram as negociações com os anões? – pediu Frigga, depois de ter terminado com as flores, pondo-se de pé e se sentando ao lado de seu filho no banco esculpido em rocha, enquanto limpava as mãos sujas de terra na barra do avental de jardinagem. 

– Passo quase dez meses fora e isto é a primeira coisa que me pergunta, minha mãe? 

Thor comentou em tom brincalhão, pegando as mãos finas e delicadas de sua mãe entre as suas, as levando aos lábios e depositando um beijo gentil em cada uma. Embora sua feição parecesse calma, havia certa dose de apreensão e irritabilidade em seus olhos, algo que não passou despercebido por Frigga. 

Cuidadosamente, Frigga removeu suas mãos do conforto das de seu filho e as guiou até os fios dourados, embora um pouco sujos, de Thor, o tocando do mesmo jeito que fazia quando ele era apenas um menino. 

– Como foi com os anões? – Frigga insistiu outra vez, enquanto olhava no fundo dos olhos de seu filho. Thor não pôde sustentar aquele olhar pelo tempo que gostaria. 

Tomando uma inspirada forte de ar, Thor falou o que sua mãe tanto desejava ouvir:

– Eles virão. 

–Isso é bom, querido. –Frigga afirmou, soando o mais positiva possível, com um leve sorriso nos lábios que jamais alcançou seus belos olhos. Olhando-a mais de perto, Thor foi capaz de ler sua expressão corporal. A tensão que fervilhava sob sua pele e a ruga marcada entre as sobrancelhas, além dos ombros caídos, implicava que algo grave teria acontecido. O Deus do trovão agitou-se em seu interior e o céu se escureceu ainda mais. 

– Algo aconteceu, minha mãe? Com Jane? – Inquiriu Thor, tomando novamente as mãos da mãe entre as suas, apertando-as enquanto esperava por uma resposta. 

– Jane Foster está bem, eu lhe asseguro, querido – Frigga o confortou, soltando-se e o puxando para um abraço amável. – Está tão frio aqui fora e suas bochechas estão tão geladas, entre e se aqueça, lave-se, pois logo o jantar será servido e eu pretendo desfrutar um pouco mais da companhia do meu filho querido. 

Falou sua mãe, desvencilhando-se logo depois para sair da estufa, sem dar maiores explicações, deixando para trás um Thor aturdido. 

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Seguindo os conselhos da mãe, Thor avançou para dentro do Palácio dourado, o som de correntes pesadas sendo arrastadas tornou-se audível, amortecido apenas pela pesada capa feita de peles de animais que o Deus ainda vestia sobre os ombros. Mjolnir preso em seu cinturão do lado direito, do lado esquerdo estavam as longas correntes usadas para aprisionar Fenrir, o lobo gigante que havia escapado até Nidavellir, a terra dos anões. Ivaldi lhe será eternamente grato, e jurou que viria ao Grande Dia, como sua mãe costumava chamar antes que ele partisse.

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