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||Christine||

"Christine, vem agora jantar!" - chama a minha mãe, Simone.

"Já estou indo!" - respondo.

Desço rapidamente as escadas para não levar mais uma bronca e encontro meus pais sentados na frente da TV. Eles têm uma grande mania de comer com a televisão ligada sentados no sofá, e isso me irrita profundamente.

Digamos que minha família não é muito... unida. Meus pais tiveram minha irmã mais velha, Marianne, muito cedo, quando a minha mãe tinha 17 anos, e não conseguiram aproveitar a sua adolescência juntos. Agora, resolveram descontar tudo na gente.

"O que você estava fazendo lá em cima?" - perguntou ela enquanto enrolava seu macarrão no garfo.

"Estudando" - respondo.

"Ai garota, você não para de estudar um minuto. Vai curtir sua vida".

E, novamente, a sessão de insultos começou.

"Você tem 14 anos! Sabe o que eu fazia com 14 anos? Eu saia toda noite para festas e me divertia com os meus amigos. Não ficava em casa estudando, o tempo todo".

"E olha o que resultou não é mesmo?" - penso, pois não tenho coragem de falar isso para eles.

"Onde está Anne?" - pergunto, tentando mudar de assunto. Esse é o apelido da minha irmã, Marianne.

"Na faculdade" - responde o meu pai.

"Ah" - me viro e vou até a cozinha me servir. Miojo, de novo, pela terceira vez consecutiva na semana.

Sento-me na mesa da cozinha. A comida já está fria, mas não me importo. Alguns minutos depois minha irmã chega e se se senta à mesa comigo.

"Como foi na faculdade?" - pergunto a ela.

"Foi boa, estou estudando bastante e está difícil".

"Você não pode mesmo me levar? Aqui ta um saco!"

"Me desculpa, não posso mesmo. Eles não permitem pessoas que não estudem lá ficarem para dormir. Se pudesse te levaria. Sei como é ficar nessa casa" - responde -" Ah, te trouxe comida. Não vou te deixar comer macarrão de novo".

"Que pena. E obrigada pela comida, não aguentava mais!" - digo rindo.

Eu e minha irmã temos o mesmo plano. Estudar muito para quando completar 18 anos se mudar e morar sozinha. Ela tem 19, deixou essa casa há um ano e quase todas as noites vêm jantar comigo para me fazer companhia.

Somos muito próximas, desde pequenas. Como não recebíamos muito amor de nossos pais, achamos um conforto uma na outra.

"Tenho uma noticia boa!" - disse ela animada - "Vou participar de um concurso na faculdade onde o vencedor vai ganhar uma passagem para um cruzeiro! Na verdade duas, com tudo incluso. Vou me dedicar muito para ganhar isso. Imagina, só nos duas passando duas semanas em um cruzeiro!".

"Jura? Meu Deus isso seria ótimo! Você faria isso por mim?"

"Claro que sim. Você é a única pessoa que eu levaria para isso" - responde ela - "Mas não podemos nos animar muito, vai que eu não ganho".

"É verdade. Mas mesmo assim, obrigada Anne, eu te amo muito!"

"Eu também te amo Chris. Agora tenho que ir, e é melhor você subir para dormir também. Já está tarde e amanhã ainda é terça-feira."

"Sim sim, já estou indo" - me despeço da minha irmã e subo para o meu quarto. Não sei onde meus pais estão, mas também não quero saber. Normalmente eles saem à noite depois do jantar.

Coloco o meu pijama rapidamente e escovo os meus dentes. Fecho os meus matérias e arrumo a minha mochila para amanhã, assim não tenho que acordar mais cedo para arruma-lá de manhã. Leio um pouco de um livro que o professor de literatura nos pediu para ler e deito em minha cama.

||Harry||

"Harry, querido, desça. O jantar está na mesa" - chama a minha mãe, Helena.

"Estou indo" - respondo, mas continuo jogando meu vídeo game.

Ouço novamente ela me chamando. Não estou com fome. Não quero descer. Não vou.

"Harry, venha" - diz, abrindo a porta do meu quarto.

"Quantas vezes já disse para bater antes de entrar?" - digo irritado.

"Oh querido, me desculpe. Seu jantar está esfriando. Venha comer".

"Não me chame de querido, mas que saco. E não vou comer, não estou com fome".

"Filho, você tem que se alimentar. É importante para a sua saúde!"

"Mas que saco mãe, eu não quero comer. Agora sai do meu quarto".

Ela sai e fecha a porta.

Depois de algum tempo alguém bate na minha porta.

"Já disse que não vou comer agora mãe!"

"Por um acaso não é sua mãe" - diz o meu pai, Alexandre, entrando.

"Ah, e ai? O que você quer?"

"Sua mãe está chateada do jeito que você falou com ela agora pouco. Desça e peça desculpas".

"Ta, depois eu faço isso".

"Aham. E as suas notas, como estão?"

"Algo em torno de... zero".

"Oh, vejo que esta se dedicando em!" - diz sarcástico.

"Sim com certeza".

Eu sou um péssimo aluno. Não me dedico nada na escola e minhas notas são a prova disso. Mas eu não me importo, tenho tudo que eu quero mesmo.

"Enfim, tenho uma notícia muito boa para te contar, seu irmão passou na faculdade!"

"Oh, que surpresa!"

Meu irmão Ethan é completamente oposto a mim. Ele tem dezenove anos e é extremamente nerd e feio. Pelo menos é o que eu acho.

"Ainda não acabei. Vamos viajar para um cruzeiro, todos nós juntos, para comemorar" - diz animado.

"Eba, viagem em família" - digo com sarcasmo.

"Vamos lá, vai ser divertido. Terão diversos programas para adolescentes como você".

"Ta bom, agora sai do meu quarto".

"Depois desse para comer e pedir desculpas para a sua mãe ok?" - dito isso, saiu do meu quarto.

Lost Island - H. S. - ParadaOnde histórias criam vida. Descubra agora