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Capítulo 29

Yuan realmente tinha apenas uma virose, depois de tomar as medicações e dormir bastante, ele acordou melhor e seu pai cumpriu com a promessa de estar ali, ainda segurando sua mão. Os remédios que Wei Ying tomava lhe davam sono também, então ele acabou adormecendo sentado, com a cabeça apoiada na cama do filho.

-Papai…? - perguntou acordando.

-Ele está com o sono pesado por causa dos remédios. - explicou a Wen - Mas deve acordar logo. Como você se sente?

-Achei que estava sonhando. Ele veio mesmo…

-Claro que ele veio. - ela pegou o termômetro e colocou debaixo do braço do menino - Ele se preocupa com você. A tontura passou?

-Passou.

-Sua febre também baixou.

-O papai vai me proibir de vê-lo de novo?

-Não sei, Yuan. Mas vamos devagar, está bem? Foi um grande feito para ele sair do quarto hoje, não vamos forçá-lo a nada.

-Tá bem…

-Tem um melão aqui para você lanchar, quer?

-Sim! - a mulher cortou em cubinhos e deu a ele numa tigela com uma colher, em nenhum momento o menino soltou a mão que o pai segurava, mesmo enquanto comia.

Wei Ying acordou alguns minutos depois, o menino estava mexendo no cabelo dele.

-Filho, você acordou! Como está?

-Estou bem. Melhorei rápido porque você veio ficar comigo.

-Te carreguei 9 meses dentro do meu corpo pra ouvir uma coisa dessas, Yuan? - brincou a mulher.

-Ah, mãe… Meu pai é meu pai. Mas eu também ficaria triste se você me abandonasse.

-Eu não te abandonei, criança, nunca faria isso. - disse o Wei seriamente - Eu daria minha vida por você, não fale besteira.

-Então você vai voltar para casa?

-Eu não sei. Não depende de mim, a equipe médica ainda vai me avaliar.

-Papai.

-Oi?

-Eu tô muito feliz que você veio me ver hoje e tô muito orgulhoso por você ter conseguido sair do quarto, muito obrigado. - disse abraçando o homem fortemente, Wei Ying ficou surpreso com aquelas palavras vindas do seu garoto, até demorou a abraçar de volta, processando aquilo.

-Ah criança… - algumas lágrimas escorreram para fora de seus olhos - Eu te amo tanto… Obrigado por existir, tá?

…

Yuan recebeu alta naquele dia mesmo, ia continuar tomando uns remédios para a virose caso os sintomas voltassem, e nada mais. Wei Ying concordou em deixá-lo visitar quando quisesse, ele ainda não estava pronto para ser liberado, mas aceitou que seu filho o ajudasse a se recuperar. Foi assim que suas tardes passaram a ser preenchidas de alegria novamente, todos os dias após a escola, Yuan ia direto para o hospital, levava lanches apimentados para o pai, contava como foi seu dia e o Wei o ajudava com a lição de casa, depois que o garoto ia embora, ele fazia fisioterapia e duas vezes na semana tinha terapia com um psicólogo, com o passar de três semanas naquela rotina, a melhora dele já era nítida.

Ele estava se trocando sobre a cama quando deram duas batidas na porta e ela se abriu, ele usava uma blusa de mangas compridas e vestia um de seus shorts curtos.

-Oi pai!

-Oi, A-Yuan. - respondeu terminando rapidamente de se vestir e cobriu o colo com o lençol, não queria que o garoto visse as novas cicatrizes ainda - Como foi seu dia? - perguntou secando os cabelos com uma toalha.

-Foi legal, meu grupo teve a maior nota da turma naquele trabalho.

-Parabéns! Isso é ótimo, bebê!

-Obrigado. - disse com um sorriso envergonhado - Tomou banho agora?

-Sim, precisava lavar o cabelo, estava podre. - respondeu com um tom de humor.

-Vai deixar crescer mesmo? - perguntou vendo que o comprimento já roçava nos ombros.

-Está ruim?

-Não, não! Você combina com cabelo longo também. Quero ser bonito como você quando eu crescer.

-Você já é mais bonito do que eu. Quando crescer vai ser mais ainda!

-Ah, não diga isso. - ele ficou envergonhado de novo.

-É verdade! - insistiu, o celular dele vibrou sobre a cama, ele olhou brevemente e era outra mensagem de Lan Zhan, a frequência havia diminuído, mas ele não se rendia de jeito nenhum. O homem deu um profundo suspiro e virou a tela para baixo.

-O que foi? - perguntou já preocupado, afinal, foi uma mensagem de texto que o havia levado a tentar contra a própria vida.

-Lan Zhan. Ele não desiste.

-Ele gosta muito de você. Você não gosta dele?

-Ah Yuan… É tudo tão complicado… Não consigo explicar, sabe? Nenhum relacionamento vive só de amor, você vai entender mais pra frente.

-E o que mais que importa?

-Tantas coisas… Respeito, compaixão, saúde mental…

-Mas vocês têm muito respeito e compaixão.

-Mas eu não tenho saúde mental. E isso pode adoecer ele também. Não quero que ele se machuque.

-Pai, você me afastou de você e isso doeu muito, o tio Zhan deve estar sentindo o mesmo. Depois que me explicaram sobre seus motivos, eu entendi, mas é muito ruim ser afastado e não saber direito o que está acontecendo com você.

-Desculpe, filho.

-Não precisa se desculpar. Está tudo bem. Mas converse com o tio Zhan quando se sentir pronto, tá bem? Ele também sente muito sua falta porque você é importante para ele. Como é importante para mim, para minhas mães e para o tio Ning.

-Você é a coisinha mais preciosa que eu tenho nessa vida. - disse apertando as bochechas dele.

-Ai, ai, para, para! - berrou entre risos.

…

Lan Zhan estava sentado no chão, limpando as rodas de sua cadeira quando seu celular vibrou sobre o assento dela, o nome "Wei Ying" brilhou na tela, era uma mensagem, seu coração errou todas as batidas e ele engoliu em seco.

Depois de várias mensagens do Lan, havia apenas uma do Wei:

"Você pode almoçar comigo amanhã na lanchonete do hospital?"

O que aquilo queria dizer? Era bom? Era ruim? Ele havia se cansado de vez e queria dar um basta nas mensagens? Lan Zhan não sabia o que sentir com aquele pedido, mas concordou e teria longas horas de agonia até o momento chegar.