Capítulo 09

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Fazia poucos dias desde que Jiang Cheng havia acordado do coma e ele já estava farto daquele lugar, queria voltar para casa, retomar sua vida e ver o que dava para fazer dali em diante.

Estava difícil engolir que sua irmã simplesmente não existia mais e ele nem pôde lhe dar adeus.

Seus pais o visitavam todos os dias, já não estava mais no quarto da UTI, e os médicos faziam os últimos exames para liberá-lo de lá.

-Hey JC, como está se sentindo hoje? - perguntou HuaiSang entrando no quarto dele, não havia qualquer prancheta em suas mãos dessa vez, mas ele estava com seu habitual uniforme da enfermagem da UTI.

-O que faz aqui, Nie? - perguntou o Jiang estranhando a visita.

-Ué, é tão incomum um enfermeiro visitar um paciente?

-Você disse que eu não ia mais voltar para aquela ala.

-E não vai, eu não vim buscar você. - ele deu um sorriso indecifrável enquanto se sentava casualmente na poltrona ao lado da cama - Estou na minha pausa do café.

-Meu quarto é cafeteria agora?

-Mas você continua um cavalo hein! - comentou bufando pelo nariz - Fomos colegas de escola e eu passei um ano cuidando de você no hospital, poderia ser mais gentil comigo, não acha?

-Definitivamente não. Por favor, não me lembre que você ficou tocando em mim enquanto eu dormia.

-Não só toquei, fiz muitas coisas com seu corpo. - ele sorriu debochado enquanto um frio percorria a espinha do Jiang - Não seja tão idiota, eu só fiz meu trabalho.

-É permitido invadir o quarto dos pacientes e falar besteira? - ele cruzou os braços e virou o olhar para o outro lado.

-Na verdade é sim. Sabe, quando os pacientes ficam em coma, a gente até conversa no quarto deles. Bati muito papo no seu quarto, sabia? Você se lembra de algo? - a feição indecifrável ainda estava lá.

-Eu deveria?

-Não sei, ninguém tem certeza se pessoas em coma podem ou não ouvir o seu entorno. - ele analisou suas unhas o suficiente para constatar que precisavam de uma lixada e tirou uma lixa do bolso de sua camisa - Você ouviu algo?

-Sei lá! Talvez fosse um sonho ou algo assim. - disse um pouco confuso.

-É? E o que você ouviu? - ele lixava as unhas despreocupadamente.

-A maldita voz do Wei, o tempo todo na minha cabeça. Falando um monte de baboseiras.

-Ele te visitou todos os dias, sabia? Depois de seis meses seus pais passaram a vir somente uma ou duas vezes na semana, mas o Wei estava todo dia lá. Mesmo quando ele próprio estava se recuperando dos ferimentos, ele ainda era insuportavelmente insistente para que a equipe médica o deixassem vê-lo. Ele ia até o seu leito e implorava para você acordar. Os únicos dias que ele não foi até você, foi quando ele teve de se recuperar em um asilo e mesmo assim ele me ligava todos os dias e pedia para eu colocar o celular no viva-voz. Ele não sabe quando parar.

Jiang Cheng ficou calado, pensativo, encarando as próprias mãos fechadas em punhos sobre os lençóis, cravando as unhas na pele.

-Sabe, a gente acredita que ele teve muita importância na sua recuperação. Quer dizer, estudos clínicos mostram que conversar com alguém em coma pode trazer a pessoa de volta, ter respostas e tal. É bem vago, mas tem quem defenda.

-Por que está me contando essas coisas do nada?

-Não foi do nada. O assunto nos trouxe até aqui. - disse olhando-o com um sorriso no rosto.

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