Capítulo 28

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Wen Qing não havia ido trabalhar, era seu dia de plantão, porém, teve que trocar de última hora com um colega, pois seu filho amanheceu com uma febre muito alta, que não baixava por nada, e vomitando até a água que bebia.

-Já tentou um banho de água gelada? - perguntou o irmão da mulher ao telefone.

-Tentei de tudo, nada funciona, tô pensando em levá-lo aí. - disse referindo-se ao hospital.

-Ele está consciente?

-Estava, mas acabou adormecendo, tá com 40° e subindo.

-Melhor trazê-lo para fazer exames. Isso nunca aconteceu antes.

-Estou achando muito estranho também, pode ser uma virose, mas ele nunca teve antes. Vou levá-lo.

-Certo, me avise quando chegarem. - disse desligando.

-Yuan, vamos levantar? - o garoto gemeu e virou para o lado - Filho, você tem que ir ao hospital.

-Não… - murmurou cobrindo o rosto com o lençol.

-Yuan, vamos. Temos que descobrir o que tem de errado com você. - ele gemeu debaixo do lençol, não queria sair dali - Se você não levantar por vontade própria, eu vou te carregar. - Ele tirou o lençol do rosto e o encarou, seus lábios estavam pálidos, porém as bochechas estavam coradas, os olhos mal abriam, mesmo assim, ele viu ali uma oportunidade.

-Se eu for ao hospital… Posso ver o papai…? - ele quase fez um beicinho, a mulher não conseguia resistir àquilo. Mesmo sendo durona, aquele era seu pequeno ponto fraco.

-Tudo bem, eu vou conversar com ele. Podemos ir?

-Tá bom… - ele se levantou meio tonto e sentou na cama, estava de pijamas e com certeza não iria trocar de roupa, então a mulher apenas colocou sapatos confortáveis nele e um casaco por cima do pijama.

-Consegue levantar? - ele se levantou ainda zonzo e ela o amparou até o carro.

Chegando no hospital, deram medicação na veia e fizeram alguns exames de sangue, com a medicação, ele logo adormeceu, então a mulher foi até a ala psiquiátrica visitar o Wei e pedir que ele fosse ver o filho, ela pôs sua maior cara de preocupação, deu duas batidas na porta e entrou. O homem estava sentado numa poltrona no canto do quarto mexendo em seu celular.

-Oi Wei Ying.

-Wen Qing…? Você não ia dar plantão hoje? - perguntou observando as roupas casuais dela.

-Como você está se sentindo?

-O mesmo de sempre. Que cara é essa? Aconteceu alguma coisa?

-Yuan amanheceu muito doente hoje. Vomitando muito e com uma febre bem alta, o trouxe para o hospital para fazer alguns exames, não sabemos o que ele tem. - ela estava usando um tom realmente sério, apesar da suspeita quase confirmada ser de virose, ela queria cumprir a promessa que fizera ao filho.

O rosto de Wei Ying se tornou um misto de medo e preocupação.

-Você não suspeita o que ele tem?

-Não… Ele nunca caiu doente assim. E… Ele pediu para ver você… Ele ficava delirando sobre você.

-Qing…

-É o seu filho! Ele está doente! Você vai mesmo se negar a vê-lo agora?! - o Wei a olhou com uma expressão complicada - Por favor, por Yuan.

Se Wen Qing estava pedindo por favor daquele jeito, a coisa era realmente séria.

-Tá bem, eu vou. - os olhos da mulher quase brilharam de alegria - Pega minha cadeira, por favor.

Ela pegou a cadeira de rodas no outro canto do quarto e colocou perto dele, Wei Ying estava há um mês e meio sem fazer exercícios, mal saía da cama, estava um pouco mais fraco e com dores pelo corpo, precisou de uma breve ajuda da mulher para se transferir, ele já havia retirado os pontos dos ferimentos e agora tinha grandes cicatrizes rosadas no braço e nas coxas, que estavam cobertas.

Wei Ying deslizou pelos corredores do hospital ao lado da amiga até que chegaram à ala infanto-juvenil.

Yuan dormia tranquilamente, Qing precisou abaixar um pouco a cama dele para que o Wei pudesse vê-lo mais confortavelmente, o garoto acordou e viu seu pai bem ali, na sua frente.

-Pai…! É um sonho…? - perguntou ainda sonolento.

-Não, bebê, eu tô aqui por você. - o menino se sentou mais rápido do que deveria, ficou bastante tonto, mas seu pai o segurou antes que ele tombasse de lado e os dois se abraçaram.

-Eu senti tanto sua falta, pai. - ele apertou o abraço.

-Também senti a sua, meu filho. Senti muito, muito mesmo. - ele apertou mais o abraço - Me desculpa por ter me afastado, tá? Eu não estou me sentindo bem ultimamente, mas não tem nada a ver com você.

-Tudo bem, papai… Eu quero te ajudar a melhorar.

-Você quem precisa melhorar agora. Pode dormir para descansar.

-Não… Se eu dormir você vai sumir de novo.

-Não vou. - disse empurrando o garoto para se deitar e o cobrindo - Vou ficar aqui até você melhorar. - prometeu segurando uma das mãos dele.

-Então eu não quero melhorar.

-Yuan, não diga isso!

-Quando eu melhorar você vai me deixar te ajudar a melhorar?

-Podemos conversar sobre isso depois, sim?

-Não!

-Com quem você aprendeu a ser teimoso assim, hein?

-Com você. - ele deu um sorrisinho cansando - Depois que você me ajudar a melhorar… Eu vou te ajudar a melhorar. Não é negociável, papai. Eu quero meu pai de volta.

-Tá bem, tá bem. Agora pode descansar. - ele continuou segurando a mão do garoto enquanto ele adormecia - Quando você acordar eu vou continuar aqui. Eu te amo tanto, bebê… - ele disse baixinho, o menino já tinha adormecido e não ouviu.

Wen Qing olhava da porta do quarto, satisfeita, parecia que as coisas finalmente poderiam entrar nos eixos daquele momento em diante, ela fez uma foto discretamente da cena que via, se existia alguém que poderia tirar o Wei daquela depressão era seu filho, o homem olhava o jovem com um sorrisinho tristonho no rosto enquanto segurava sua mão com uma das suas e usava a outra para acariciar-lhe os cabelos, o menino agora dormia com uma expressão satisfeita no rosto.

A mulher enviou a foto para o irmão e para a esposa, ambos ficaram admirados e esperançosos.


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