01. debate

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1998

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1998

CERTA VEZ LI EM UM LIVRO QUALQUER que nem todos os dias são bons, mas há algo bom em cada dia. Não sei quem escreveu isso, mas tenho certeza de que não foi uma pessoa normal. 

O que há de bom em acordar cedo? Não poder participar da única coisa que me faz sentir viva — as aulas de teatro — e ser obrigada a ouvir professores antiquados explicarem assuntos inúteis em companhia de adolescentes tediosos?

Sei que estou reclamando à toa, já que existem pessoas em situações muito piores do que a minha. Mas só se passaram duas semanas e eu ainda não superei a minha expulsão das aulas de teatro.

Como vou virar uma jovem atriz conhecida se fui expulsa das malditas aulas?

Abandonei esses pensamentos assim que vi um rapaz, aparentemente cansado, adentrar a sala de aula sem se importar com o enorme atraso. Sinan sempre faz isso, e é um milagre ele vir hoje, fazia séculos que estava sumido.

— Na geografia o mais importante é que vocês entendam o motivo de... — a professora parou de falar assim que Sinan se sentou ao lado de Isik, a representante de classe. — Achamos que tivesse morrido, Sinan.

— Não foi dessa vez. — Sinan respondeu sem humor, ele era uma pessoa meio suicida. Nunca conversamos, mas não precisa ser um gênio para perceber isso.

— Esse cara é um otário, aposto que não passa dos dezoito anos. — uma garota aleatória a qual nem sei o nome sussurrou maldosa.

— Cala boca. — sussurei de volta, mas não tão baixo quanto pensei, pois Sinan se virou para mim e me encarou por alguns segundos. Não sou sua amiga, mas se eu fosse ele, gostaria que alguém me defendesse e acreditasse em mim.

Sinto alguém cutucar minhas costas e me viro no mesmo instante. É um nerd. Não lembro seu nome, mas sei que é um nerd que vai participar do debate do colégio daqui algumas horas.

— Você ainda tem? — ele sussurra e olha para os lados com medo que alguém ouça. Idiota, mal sabe que ninguém está prestando atenção nele.

— Tenho o quê? — faço uma careta confusa. Sei sobre o que está se referindo, mas não posso arriscar que ele seja um espião do diretor maluco.

— Você sabe, Aysin. — me chamou pelo meu sobrenome, deve estar desesperado. — Os remédios que fazem a gente relaxar.

— E por que quer saber se eu ainda tenho? — o sinal indicando o fim dessa terrível aula soou, e todos os alunos incluindo a professora saíram da sala, com exceção de mim e do nerd.

— Porque eu preciso me acalmar, o debate está me deixando louco. — botou as mãos na cabeça e me encarou em súplica. Não vou mentir, senti pena e quis ajudar.

Nunca fui considerada boa nas matérias escolares — minha área é o teatro — e olhando para esse garoto desesperado à minha frente posso ter uma pequena noção de como a pressão para se dar bem nos estudos funciona.

𝐄𝐍𝐄𝐌𝐈𝐄𝐒 𝐎𝐅 𝐋𝐎𝐕𝐄     ̶  ̶   love 101Onde histórias criam vida. Descubra agora