03. nós perdemos

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1998

CERTA VEZ LI EM UM LIVRO QUALQUER que a vida não é um problema a ser resolvido, mas uma realidade a ser experimentada.

Hoje experimentei novamente uma realidade decadente, pois meu currículo foi recusado por outra peça. Não fui chamada como figurante e muito menos como a protagonista.

Queria ficar em casa chorando e gritando insultos inaldíveis no travesseiro, mas Aslam me obrigou a vir para o colégio e aguentar aulas tediosas o dia todo.

Já faz uma semana desde que o debate aconteceu, ou melhor, desde que a briga do debate aconteceu. As pessoas me olham torto, como se eu fosse uma assassina.

O que é um exagero, já que o nerd que desmaiou no debate está perfeitamente bem, passou três dias no hospital, mas está bem.

Estou indo para a aula de matemática quando ouço algo importante. Minhas “amigas” do teatro estão falando de mim, estão falando mentiras sobre mim. 

— Ela teve a cara de pau de se inscrever pra fazer a peça. — Maika falou sorrindo maldosa. — Minha mãe nunca deixaria uma traficante fazer parte do elenco.

— Sua mãe é mesmo uma das patrocinadoras? — Geneviv perguntou interessada.

— Sim, e isso nos dá algumas vantagens sobre as outras candidatas. — Maika respondeu aos risinhos. Acho que esse foi um motivo crucial pelo meu currículo ter sido recusado. — Ainda bem que a Esmeray não vai participar.

— Iria acabar com a peça. — a voz de Jorge se fez presente e isso me quebrou. Ele era o meu melhor amigo, ensaiamos juntos várias vezes, jogamos conversa fora e saímos para lanchar como bons amigos. Como ele pode ter esquecido tudo isso em algumas semanas?

— Nem talento aquela idiota tem. — Maika riu alto e mesmo sem querer deixei uma lágrima rolar. Odeio parecer fraca.

— Desculpa. — um rapaz aleatório pediu após esbarrar em mim e isso acabou chamando a atenção do trio julgador, que me viram e começam a cochichar entre si.

Senti como se fosse um animal em um zoológico, e não gostei disso. Por isso, corri até o banheiro o mais rápido possível, ignorando todos ao meu redor.

Não deixei mais nenhuma lágrima escorrer. Eu tenho talento e sei disso, não são três traidores que vão me fazer duvidar de mim mesma.

Tomei um susto quando um nerd entrou no banheiro e me encarou como se estivesse aliviado por me encontrar. Juro que se ele falar algum boato espalhado por aqueles três eu perderei meu réu primário.

— Osman pediu pra você encontrar ele no pátio. — o nerd falou.

— Por que? — faz uma semana que não falo com Osman e com os outros desbocados, mas sempre noto ele me observando, como se estivesse analisando sua presa.

𝐄𝐍𝐄𝐌𝐈𝐄𝐒 𝐎𝐅 𝐋𝐎𝐕𝐄     ̶  ̶   love 101Onde histórias criam vida. Descubra agora