01 (Reescrita)

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Harry's POV

Quando te perguntam o que é um casamento, qual a primeira coisa que vem à sua mente? Talvez uma festa grandiosa, um buquê, a troca de alianças e, claro, o famoso "eu aceito", seguido do beijo que sela o compromisso. Não é apenas um beijo qualquer, não é? Ele carrega amor, paixão, promessas. É um momento único, repleto de lembranças felizes.

Agora, olhando para a foto sobre o criado-mudo ao lado da cama, eu me vejo naquele mesmo beijo. Um momento que parecia mágico. Lá estamos, eu e Robert, sorrindo enquanto o fotógrafo captura aquele instante. Eu, em um terno creme, ele, de azul-marinho. Era apenas mais uma lembrança de quando éramos felizes. O que aconteceu desde então?

Não sei dizer ao certo. Talvez seja normal o casamento esfriar com o tempo? Nos últimos anos, meu marido mudou. Ele não é mais o homem carinhoso que conheci. Agora, o trabalho ocupa cada vez mais espaço em sua vida. Entendo que a empresa demande muito dele, ainda mais sendo um dos donos, mas sinto como se isso tivesse nos afastado.

Quando me casei com Robert, metade das empresas da minha família foi passada para o seu nome. A responsabilidade era grande, e Robert, com sua experiência, se ofereceu para gerenciar os negócios. Ele sempre teve ambição, mas, com o tempo, essa ambição se transformou em ganância, e a empresa se tornou sua prioridade.

Solto um suspiro pesado e coloco o porta-retratos de volta na mesa de cabeceira. Me viro na cama, mas, como sempre, Robert já levantou há muito tempo. Seu lado da cama está frio.

Levanto, vestindo meu roupão, e sigo até o banheiro. O espelho reflete meus cabelos bagunçados e o rosto cansado. Uma risada baixa escapa enquanto ligo a torneira, a água gelada me despertando de vez.

– Que frio! – resmungo, secando o rosto e me arrumando para o dia.

Descendo as escadas, ouço a voz de Robert ecoar da cozinha. Ele está ao telefone, falando com alguém sobre algo do trabalho.

– Me desculpe senhor, lhe garanto que isso não irá se repetir, até logo. – Robert bufa e dá um tapa na cafeteira ao perceber que a mesma está demorando muito para soltar seu café.

– Bom dia, querido, aconteceu alguma coisa? Com quem estava falando no telefone? – Sorrio e me aproximo do homem para lhe dar um beijo de bom dia, mas ele se afasta antes que eu tenha a chance.

– Isso é tudo culpa do seu secretário de merda! – Ele esbraveja, jogando as palavras com raiva. – Aquele incompetente não consegue nem mandar uma planilha correta, é um inútil!

– Mas amor, ele está na empresa há pouco tempo! Ele ainda não pegou o jeito. – Tento manter o tom calmo, sabendo que Robert tende a exagerar quando está frustrado. – E você grita com ele o tempo todo, talvez se fosse um pouco mais paciente...

– Paciente? – Ele me interrompe, sua voz carregada de sarcasmo. – Você acha graça nisso, não é? Acha que tudo se resolve com paciência e sorrisos? Você não tem pulso firme para nada, Harry. Talvez seja por isso que não consegue comandar a empresa como eu.

Sua voz é fria e dura comigo, mas eu prefiro ficar calado a causar conflitos com ele. Ele me olha de cima a baixo com desprezo antes de sair, apressado, sem nem tomar o café da manhã.

Mais uma manhã normal.

Depois que ele sai, fico na cozinha, organizando a bagunça que ele deixou para trás, o cheiro de café frio ainda no ar. Preparo meu próprio café, tentando não pensar no tom com que Robert falou comigo. Mas é difícil. O que aconteceu com o homem que prometeu estar ao meu lado em todos os momentos?

Chego na empresa e após descer do carro, alguns funcionários já me cumprimentam com um sorriso ou acenos.

– Bom dia pessoal! Tenham um ótimo dia de trabalho! – Sorrio e aceno para todos após sair do elevador e passar por entre as mesas, vendo todos sorrirem e me desejarem o mesmo.

Farm Love (Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora