capítulo 104

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Fala ele tossindo.

—Salvei sua vida, não precisa me agradecer, ah merda, ele morreu?

—Não Betina, com um tiro no meio da testa da pra ele ir até a Roma andando se quiser.

—Ah merda, eu matei uma pessoa.

—Onde pegou minha arma, me dá isso, agora!

Fala ele pegando a arma da minha mão, eu olhava o corpo do homem ainda sem acreditar que havia feito aquilo.

—Eu achei no banco do seu carro, eu não...não queria matá-lo, só... só ia assustá-lo, pra ele te largar...

—Se não queria matá-lo, um tiro no meio da testa não era a melhor opção, vem, não fica olhando.

Fala ele passando por mim.

—Vem Bê, para de olhar pra ele.

Fala ele pegando meu braço e me tirando do quarto.

Eu sempre disse que se houvesse uma situação em que eu precisasse matar alguém para salvar minha familia, eu não hesitaria, mas não achei que a sensação que eu sentiria depois de ter feito aquilo fosse tão estranha, eu tava me sentindo mal, mas na hora aquilo pareceu tão certo e satisfatório.

—Não conta para o papai, ele vai ficar muito bravo comigo.

—Você acabou de matar uma pessoa, como não quer que eu conte?

—Ele ia te matar.

—Eu ia me livrar dele.

—Desculpa, na hora eu não pensei em mais nada, não queria que ele te machucasse.

—Tá, tudo bem, já foi, eu não vou contar pra ele, vai ser nosso segredo, afinal eu que te ensinei atirar, então a culpa iria recair sobre mim do mesmo jeito, mas nem pense em abrir sua boca para se gabar disso.

—Por que eu me gabaria por matar uma pessoa, eu tô me sentindo mal, eu nem o conhecia, não sei se era uma boa pessoa, se tinha família, ele só estava fazendo o trabalho que foi pago pra fazer, aí meu Deus, eu matei um pai de família.

—Não, relaxa, ele não era uma boa pessoa.

—Como sabe?

—Ele é membro de uma gangue, que tá tentando medir forças com a máfia.

—Conhece ele?

—Não, mas a tatuagem de Crisântemo no pescoço é a marca registrada da gangue.

—Ele ser da gangue não prova que era ruim.

—Não diria isso se soubesse as coisas terríveis que eles tem feito, se isso vai te fazer se sentir melhor, ele era uma pessoa horrível, todos os membros da gangue já foram presos ou acusados alguma vez por algum ato hediondo que cometeu, foram colocados de volta a sociedade ou inocentados graças ao nosso sistema carcerário de merda e nossos juízes e promotores corruptos.

—Ok, isso faz eu me sentir melhor, vamos ver a família.

Nesse momento um segurança chega até nós, e diz que o outro homem está morto, vamos até o quarto dos fundos, a porta estava trancada.

Don arromba a porta e entra.

—Meu Deus, pra que essa violência!

Falo, então ouvimos choro.

—Não nos mate, por favor.

Fala alguém, olhamos no canto e a família estava lá encolhida, as duas moças e o garotinho estavam abraçados com a mãe que chorava e implorava para não serem mortos.

Beatrice - Herdeiros do Império Bianco-SalvattoreOnde histórias criam vida. Descubra agora