Beatrice - Herdeiros do Império Bianco-Salvattore

capítulo 54

No dia seguinte

Acordo cedo, faço minha higiene, pego meu notebook e desço para o escritório, todos dormiam ainda.

Entro no escritório e me deparo com meu pai.

—Oi pai, bom dia, não sabia que estava aqui.

—Bom dia meu amor, feriado pra eles, trabalho pra nós, você se parece muito comigo nesse quesito, mas pode ficar com a mesa.

—Não, eu me sento no sofá, só preciso ler e responder uns e-mails.

—Tudo bem.

Me sento no sofá, e coloco o notebook sobre a mesinha que havia ali.

—Por falar em trabalho, depois preciso que tire uma dúvida minha.

—Sua mãe é melhor que eu nisso, querida.

—Não, mas tem haver com os acionistas da companhia, quem melhor do que um homem pra entender outros homens?

Ele sorri.

—Nesse caso, então acho que posso te ajudar.

Ele ficava todo feliz quando eu ia perguntar algo pra ele, porque geralmente eu só pergunto pra minha mãe.

—Ok.

—O Gael não dormiu aqui não né?

—Sim, inclusive ainda está dormindo, parece um anjo de tão lindo.

Falo sorrindo.

—Eu gostava dele, quando era criança e não poderia dormir com a minha filha.

—O senhor que o trouxe de volta pra minha vida, inclusive eu te agradeço, deu o empurrãozinho que eu precisava.

—Eu deveria ter imaginado que não seria uma boa ideia colocar ele como seu segurança, da última vez que um pai pediu pra eu cuidar da filha dele, nós nos casamos e tivemos quatro filhos, mas foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida, não me arrependo de nada e faria tudo de novo.

—Mas quem sabe com algumas mudanças, talvez teria deixado a máfia e vivido como alguém normal, assim não colocaria seus filhos em risco e não culparia seu filho mais velho pelas suas escolhas.

—Aí, essa doeu!

—Verdades duras que devem ser ditas.

—Você parece a sua mãe falando assim.

—Pelo menos ela reconhece quando está errada.

Uma coisa da nossa família, é que eu tenho muita liberdade pra falar sobre qualquer coisa com meus pais, e por incrível que pareça eles me ouvem, muitas vezes eu fazia o papel de responsável pela família, a idade chega pra todos e meus pais já não são mais o que eram no auge de sua juventude, em que a palavra deles eram a lei, digamos assim, o mundo evoluiu, nós crescemos, mas eles se recusam a aceitar isso, meu pai principalmente, ele não sabe muito bem como lidar com os filhos já adultos e crescidos, porque tem medo de que fiquemos como ele era antes.

—Nossa, logo cedo sendo torturado pela minha filha.

—Tortura é o que está fazendo com o Don, pai, o senhor já conversou com ele?

—Sobre o que exatamente, querida?

—Pai, sabe muito bem do que tô falando.

Falo olhando pra ele.

—Eu não tenho o que falar com ele querida, ele sabe que eu tô certo dessa vez.

—Pai, eu já disse que esse negócio do senhor sempre querer estar certo, vai acabar afastando de vez ele de você, e parece que o senhor faz de propósito, porque sabe muito bem o fator causador de tudo isso, o Don não tem culpa, só está nessa situação por sua causa.