capítulo 98

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Beatrice

Depois do dia que eu desmaiei na banheira, tudo ficou pior, a perda do meu filho era muito dolorosa, eu não sentia mais vontade de viver, para ajudar Gael não estava ali comigo, o que me deixava pior ainda, acabei entrando em negação e chegou a um ponto de eu achar que ficaria louca.

Quando Gael chegou, eu ainda estava em negação, e ele fazia de tudo para me distrair, e conseguiu me fazer comer, coisa que eu não estava fazendo, era doloroso pra ele também, principalmente me ver daquele jeito, mas ele foi compreensível, paciente e amoroso.

Naquela noite eu tive um pesadelo de alguém levando meu bebê embora e comecei a gritar, foi quando cai em si, meu bebê já não estava mais comigo, depois do meu surto eu pego em um sono profundo, acordo disposta a matar o desgraçado que matou meu filho, aquilo não ia ficar daquele jeito, eu o faria pagar.

—Por que não deixa que eu cuido disso?

Pergunta Gael.

—Você pode fazer isso, mas não vai me impedir.

—Eu não vou meu amor, só não quero que faça algo da qual vá se arrepender depois.

—Eu não vou me arrepender, tiraram de mim meu bem mais precioso, eu vou até às últimas consequências para fazê-los pagar, seja quem for e ninguém vai me impedir.

—Tudo bem, o que quiser fazer eu vou apoia-la em tudo.

—Eu sei que vai, e eu te amo ainda mais por isso.

—Eu te amo mais.

Nos levantamos, troco de roupa, escovo os dentes e descemos, todo mundo fica surpreso por eu ter saído do quarto, desde que cheguei do hospital eu não havia saído pra absolutamente nada e já tem vários dias.

—Bom dia meu amor, que bom que decidiu sair do quarto.

—Bom dia mãe, acho que já estava na hora de reagir, obrigada a todo mundo por todo apoio, vocês são incríveis, eu os amo muito.

Falo me sentando.

—Isso não é uma despedida não né?

Pergunta Don.

—Digamos que sim, caso eu seja presa por matar alguém, já me despedi, mas se me pegarem, contratem um bom advogado.

—A máfia tem formas de fazer isso e ninguém nunca descobrir.

Fala Betina.

—Até que fazer parte de uma família de mafiosos nesse momento, não é tão ruim, pelo menos vai servir pra alguma coisa.

—É muito útil pra várias coisas, e o bom é que não precisa fazer o trabalho sujo, o Ulisses é muito bem pago pra isso.

Fala Don.

—Mas eu quero fazer com minhas próprias mãos.

—Taco de beisebol, uma pá ou uma faca?

Pergunta Betina.

—Taco de beisebol, eu já tenho experiência.

—Vamos parar com esse assunto?

Pergunta meu pai que até então estava ouvindo tudo sem dizer nada.

—O senhor já encontrou o responsável por matar meu filho?

—Não, mas ao que tudo indica, foi a máfia americana.

Fala Betina quando ele não responde.

—Aquela máfia americana, da namorada do Don?

—É, deve ter sido meu sogro que mandou capotar vocês, por você ter sumido com o corpo da filha dele.

—Eu só te ajudei, você que matou ela, mas o papai não disse que havia cuidado deles, depois que bateram no Ben?

—Os "modus operandi" do pai, parecem não ser mais os mesmos de antigamente.

Fala Don.

—O senhor não cuidou deles?

Pergunto olhando para ele.

—Isso não é algo que eu queira discutir agora.

—Agora, ou porque o Gael está aqui?

—Assuntos de família devem ser tratados em família.

—Meu amor, então acho que casamos errado, já que você não é minha família segundo meu pai, devo dar meu sobrenome a você, para que seja reconhecido como minha família?

Pergunto olhando pra Gael.

—É, talvez funcione, vou ter direito a parte da sua herança?

Pergunta ele olhando pra mim com uma cara engraçada.

Eu queria fazer a linha séria e debochada, mas depois daquilo não me aguento e começo a rir, Betina quase engasga com o suco que estava bebendo, então todos riem, menos meu pai, a cara dele era o melhor.

—Aí crianças, só vocês mesmo, vamos comer, depois falamos sobre isso com mais calma.

Fala minha mãe.

Entramos em uma conversa aleatória, logo terminamos o café, decido olhar meus emails, faz tempo que não o olho, o trabalho deve estar até o topo de coisas pra fazer, dou uma olhada rápida ver se havia algo urgente, ainda não estou com cabeça para trabalhar.

Assim que olho, desço para procurar minha mãe, uma das meninas diz que ela está no escritório, então vou até lá, a porta estava entreaberta, então ouço meu pai falar.

—Não coloquem coisas na cabeça da Bea, ninguém tem certeza de nada, não tem nada a ver com a máfia americana, vocês ficam enchendo ela com isso, sabe lá Deus o que pode acontecer, provavelmente Gael estava errado e isso causou o acidente e...

—Meu Deus pai, o senhor tem um sério problema de não admitir que está errado, já não basta descontar no Don, agora quer culpar o Gael por suas merdas?

Pergunto entrando, todos me olham, claro que meu pai quis fazer aquela reunião sem mim, pra jogar tudo a culpa no Gael.

—Querida, você...

—Admite logo que você não fez porra nenhuma por isso que fomos parar no hospital e eu perdi meu filho, quer colocar a culpa no Gael também por ter se tornado mafioso, você não conseguiu dar conta da máfia e agora quer achar alguém pra assumir a sua culpa, admitir é mais bonito do que fazer isso que está fazendo, não se esqueça que eu estava no carro, eu sei que o Gael não teve culpa de nada, porque insiste nessa merda, nós já estamos sofrendo com a perda do nosso filho e você ainda quer jogar a culpa nele, é o mesmo que dizer que ele que matou nosso filho, como pode ser tão insensível com sua filha a esse ponto, acha que está me ajudando, mas só está me deixando mais triste, se tivesse feito o que tinha que fazer, isso não teria acontecido, aceite que errou, pelo menos uma vez na vida pai.

Falo já com lágrimas nos olhos.

—Amor, ei, tá tudo bem.

Fala Gael vindo até mim e me abraçando.

—Não tá tudo bem, ele sempre faz isso, com o Don, agora com você, ele não sabe como assumir a responsabilidade pelos próprios erros, o ego dele é tão grande que ele se acha o dono da razão, todo mundo ta errado, e ele é o único certo, tô de saco cheio disso.

—Desculpa filha, eu...

—O senhor sempre pede desculpas, e sempre volta e faz a mesma coisa, se continuar com isso, não é só o Don que vai perder, porque eu não vou mais fazer questão de olhar na sua cara.

—Você não entende querida, estou tentando te proteger de tudo isso, proteger todos vocês.

—Tá fazendo um péssimo trabalho papai, acho que deveria mesmo se aposentar, isso definitivamente não é mais para o senhor.

Beatrice - Herdeiros do Império Bianco-SalvattoreOnde histórias criam vida. Descubra agora