Capítulo XI

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   A rainha da Inglaterra volta para seu castelo atordoada, caminha pelos corredores mas para, ao ouvir as risadas de seus filhos, se aproxima da saleta onde vê seu marido sorrindo enquanto brincava com as crianças, cobre a boca com as mãos para não ouvirem seu choro. Vai diretamente para seu quarto mas antes de entrar se dirige aos guardas.

   — Não quero ser incomodada. Não abram a porta para ninguém, nem mesmo para o rei.

   Entra no cômodo após dar a ordem, encontra Greer organizando sua penteadeira.

   — Minha senhora, até que enfim voltou, estava aflita com sua demora.

   Ao se aproximar da rainha e observá-la de perto viu que as roupas estavam sujas de terra e grama. 

   — Mary, o que aconteceu com você? Está machucada?

   — Não fisicamente – profere apática. 

   — Você está pálida. Não pode ser por nada, diga-me o que houve - profere aflita.

   — Ele está vivo – seus olhos estão vazios, senta lentamente em um divã.

   — Quem está vivo? – senta-se ao lado de Mary.

   Pela primeira vez desde que havia entrado no quarto a rainha olha nos olhos de Greer.

   — Sebastian – profere em um sussurro.

   — Por Deus Mary, tem certeza? – pergunta, piscando algumas vezes incrédula. 

   — Era ele, tenho certeza. Está diferente claro, sinais da idade mas também cicatrizes de queimaduras no lado esquerdo do rosto com uma barba rala por fazer, mas eu reconheceria sua voz em qualquer lugar passasse o tempo que fosse.

   — Como pode ser  possível que esteja vivo? – a dama está em choque como sua senhora.

   — Um pagão o salvou e aparentemente o trouxe de volta a vida, o maior absurdo que já ouvi – sorri sem humor.

   — Foi ele o autor de todas as cartas misteriosas e não sua mãe como supunha? 

   — Não tem sentido ser outra pessoa, eu deveria ter lhe dado ouvidos e não ter ido até a floresta.

   — Não pense assim, se tivesse seguido meu conselho não saberíamos que ele vive. Afinal, disse o que quer de você?

   Mary soluça com as lágrimas ardendo em seus olhos.

   — Mary está me assustando. – levanta pegando uma taça com água para sua rainha – Aqui beba um pouco para se acalmar.

   Mary bebe a água, seca as lágrimas e segura as mãos de sua fiel dama.

   — Carrego comigo um segredo terrível que apenas meu marido e Sebastian sabem, eu queria lhe contar mas Francis achou mais prudente não dizer pela minha segurança.

   — Definitivamente, agora estou apavorada.

   — Tem que me prometer que vai levar meu segredo para o túmulo, não deve contar a ninguém nem mesmo para Richard.

   — Nunca trairia sua confiança – afirma.

   — Charles, não é filho de Francis – a rainha suspira – é filho de Sebastian.

   — Meu Deus, ele veio até você porque quer o filho não é?

   — Sim – confirma chorando ainda mais. – Eu fui rude com Lola naquela época quando ela só queria evitar um mal, queria que ela tivesse conseguido.

  Greer abraça Mary.

   — Posso imaginar o que sente neste momento, mas você é a rainha tem de ser forte para enfrentá-lo, ele não pode levar nosso menino. – se afasta e olha nos olhos da rainha – Precisa erguer a cabeça e contar a Francis a verdade.

   — Francis vai me odiar quando souber, ele não vai me perdoar por colocar nossa família e seu reinado em perigo.

   — Mas tem que dizer, melhor que ele saiba por você, e que unam seu poder para juntos evitarem o pior.

   — Tenho medo da reação dele, Sebastian sempre despertou o pior do meu marido.

   — Não desperta o pior, e sim o ciúmes.

   — Sebastian pode revelar o meu segredo, se isso cair na boca dos nobres e do povo será nocivo. Estarei com uma espada sobre minha cabeça e meus filhos também.

   — Vamos ser racionais minha senhora, ele está aqui lhe enviando essas cartas a meses, e não revelou nada a ninguém ou já saberíamos, e se ele quer o filho não será assim que terá êxito essa atitude pode colocar a vida de Charles em risco o que claramente não é o que quer, muito menos nós.

   Mary escuta tudo atentamente.

   — Faz sentido. – comenta a rainha – Ele disse que irá à guerra por Charles, que seu exército é maior que o nosso e que temos muitos inimigos – se levanta caminhando pelo cômodo.

   — Com essa afirmação dele e a quantidade de meses que está aos arredores só pode significar uma coisa – profere encarando a rainha.

   — Temos um traidor entre nós – conclui a soberana.

   — Se descobrirmos quem é, teremos uma chance de vencer.

   — Vou convocar meu meio-irmão, Ramon, para nos ajudar.

   — Seu irmão sempre foi leal a família apesar de ser bastardo de seu pai, e gosta de você.

   — E eu dele. – sorri – Rápido pegue para mim tudo que preciso para escrever uma carta codificada para ele, provavelmente o traidor facilitou a entrada de espiões de Sebastian no palácio.

   — Certamente – profere Greer voltando com os papéis para sua senhora.

   — Obrigada. Agora vá atrás de meu mensageiro e traga-o até mim.

   — Sim, senhora.

   — Greer – chama.

   A dama que estava perto da porta para e volta sua atenção a Mary.

   — Precisarei de você para a missão que darei a meu irmão.

   — Eu estarei sempre a disposição de minha rainha, porque somos amigas e afinal de contas é meu afilhado que está em perigo, e para mim Charles  é como meu filho.

   — Nunca esquecerei suas palavras.

   Greer sorri e em seguida passa pela porta. A rainha sozinha encara o papel em sua frente e logo se põe a escrever.

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