CAPÍTULO XII

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      Na tenda de reuniões, fazia pouco mais de uma hora que Sebastian conversava com seu maior aliado na Inglaterra.

   — Você realmente pensou em tudo – profere.

   — Tenho esperado minha vida toda pela queda do reinado da família Jones.

   — E meu envolvimento com Mary facilita as coisas para você.

   — Verdade, por isso estou aqui – sorri malicioso.

   — Vamos os dois ter nossa vingança, eu terei meu filho. E você o que terá?

   — O trono inglês, que pertencia ao meu pai, meu por direito.

   — Explique melhor.

   — Meu pai era rei, então em um dia comum Henry com um golpe bem pensado matou meu pai e se tornou rei. Ele decidiu não me matar e deixou alguns dos meus parentes que não haviam sido mortos por seus homens.

   — Entendo – bebe um pouco de vinho – No entanto não pense que somos amigos, hoje temos um objetivo em comum que é derrotar Francis, mas não significa que não lutarei contra você quando for rei.

   — Estou bem ciente de que você não é um simpatizante da monarquia.

   Sebastian se levanta andando pelo lugar.

   — Não podemos subestimar Francis, ele é muito esperto, se descobrirem que você é um traidor nossos esforços estarão destruídos.

   — Por isso que você deve continuar a assustar Mary, com ela desestabilizada afetará diretamente no casamento deles, e como o homem apaixonado que é isso abalará Francis, ele não irá pensar como rei.

   — Ela ficou bem abalada com nosso reencontro, garanto que esta noite irão ter uma discussão.

   — Perfeito, não iremos falhar a vitória é nossa. Bom está ficando tarde e tem muito tempo que estou aqui, melhor eu ir para não correr o risco de ser visto, mas entrarei em contato – joga na mesa um saco com moedas de ouro – Apenas para conseguir manter a família dos seus homens.

   — Quando os soldados que você comprou chegarem mando avisá-lo. Hendrick vai acompanhá-lo para que não te vejam.

   O sujeito sai da tenda, Sebastian encara o saco com moedas de ouro deixadas sobre a mesa quando Kyra entra.

   — Tudo bem? – pergunta a jovem.

   — Sim, está.

   — Não confio nesse suposto aliado.

   — Ele realmente não é de confiança, traiu seu rei, também pode nos trair.

   — Quem trai uma vez irá trair sempre.

   — Exatamente.

   Quando Sebastian teve de fugir acompanhou Hendrick para a aldeia onde morava, e encontrou naquele lugar pessoas que eram contra o regime absolutista dos reis, viviam sobre suas próprias regras. E não era o único grupo de pessoas que levavam a vida dessa forma, existiam comunidades mais agressivas que outras.
   No pouco tempo em que chegou defendeu aquelas pessoas de diversos ataques de um grupo vizinho. Hendrick sugeriu que ele treinasse os homens, foi o que fez. E logo todos decidiram que Sebastian deveria ser o líder. Agora ele tinha um povo.
   Kyra entrou em sua vida pouco tempo depois, filha do chefe da aldeia vizinha que causava os ataques aquelas pessoas que o acolheram. Sebastian a viu pela primeira vez de relance quando se dirigiu a tenda do pai dela, o mesmo estava doente e pediu algo para o rapaz que ficou surpreso, queria que ele protegesse sua filha que não a deixasse liderar as pessoas sozinha. Ele foi ao encontro do homem para negociar paz, e a conseguiu, juntamente com mais responsabilidades.
   Tudo foi acertado, os dois grupos se tornaram um só liderados por Sebastian e Kyra, que era uma habilidosa guerreira. Seu pai morreu dias depois, aos cuidados de Sebastian não foi difícil se envolver. A relação dos dois não é segredo para ninguém, mesmo que não estejam casados.
   Juntos cuidam das pessoas garantindo que nada lhes falte, sendo assim respeitados por aqueles que são seu povo. Eles são o que a realeza chama de rebeldes. Não deixam de estar certos.

   — Qual o problema? Duvido que veio aqui dizer que não confia naquele sujeito, porque isso eu já sabia.

   A mesma suspira pesadamente e se joga em uma cadeira distante de Sebastian, parecia uma criança fazendo birra de braços cruzados só que de maneira mais atraente com a calça preta de couro e o espartilho marrom sobre a camisa branca, e os cachos ruivos caindo nos ombros o contraste perfeito com sua pele branca.

   — Deixe-me adivinhar, está assim por meu encontro com Mary mais cedo? – sorri com a situação.

   — É, e odeio me sentir dessa forma, enciumada, mas você tem um filho com ela e no fundo está fazendo tudo isso por ela.

   — Não estou fazendo nada por Mary – se aborrece.

   — Você não admite, mas sabe que ao ameaçar tomar o menino fará ela sofrer.

   — Está certa, mas é por vingança. Depois de tudo que passei Mary merece sofrer o dobro.

   Sebastian respira fundo e suaviza sua expressão, não quer discutir. Se aproxima de Kyra que levanta indo para o outro lado.

   — Não gosto disso, você com ciúmes sem necessidade não parece a minha Kyra, tão segura de si.

   — Mas é porque ela tem algo que estará sempre ligado a você, e eu nem ao menos sou sua esposa – suspira frustrada.

   — Isso ainda não me parece motivo suficiente, eu e você estamos a anos juntos. Ainda não é garantia suficiente?

   — Não – profere sem hesitar.

   Sebastian ri.

   — Tudo bem, então nos casamos.

   — Verdade?

   — Se vai te fazer feliz – sorri.

   A mesma corre em sua direção e o abraça.

   — Não fique assim novamente. O que tive com Mary foi superficial não se compara com o que temos. – beija o topo de sua cabeça – Olhe para mim – a jovem obedece – não duvide nunca do que sinto por você, e não se compare com Mary, ela pode ter uma coroa mas não possui metade da sua força.

   — Você me faz muito feliz – sorri.

   — Esse sorriso significa que está tudo bem?

   — Mais que bem, meu amor – puxa Sebastian pela nuca e o beija.

   Sebastian ama Kyra, no entanto sabe que não está sendo totalmente sincero com seus sentimentos em relação a Mary. Mas não quer pensar nisso agora, pega Kyra no colo e a coloca na mesa de reuniões, infelizmente não é o rosto dela que ele vê.



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