CAPÍTUO XVIII

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   A noite chegou a Inglaterra mais uma vez, e Greer se preparava para dormir mais uma  vez sozinha. Os servos a pouco haviam recolhido o que sobrou de seu jantar. Sua senhora passou o dia todo  no quarto então não teve muito o que fazer.

   Estava sem  notícias de seu marido, ele nunca demorou tanto na casa de seus parentes como desta vez.  O que tinha conversado com Mary anos atrás sobre as cartas que Richard recebia no meio da noite ainda estava em seus pensamentos, e se não fossem negócios como ele jurava que era? Mesmo anos depois elas ainda chegavam, ele nunca escondia nada dela no começo do casamento deles, principalmente  sobre seus investimentos, mas isso mudou aparentemente há algum tempo. 

   A única coisa que um homem poderia querer a todo custo esconder da esposa era uma amante. Não conseguia deixar de imaginar isso, mas era totalmente considerável. Talvez a decepção de não ser pai seja maior do que ele deixava transparecer. Se fosse verdade ela poderia culpá-lo? Afinal a falha não tinha sido de Richard e sim dela por não lhe dar um filho.

   No final a culpa dessa nuvem densa de desconfiança sobre seu casamento era responsabilidade dela.

   Se levanta da penteadeira, apagando algumas velas, de repente a porta se abre e ele está parado observando-a com um sorriso. No entanto seu coração não se enche de alegria e sim de angústia e incertezas.

    - Que bom que não te acordei - sorri.

   - Você não avisou que voltaria hoje.

   - Não gostou da surpresa? - se aproxima.

   - Claro que sim, mas não se trata disso...

   Richard conduz suas mãos no rosto de sua esposa e a beija delicadamente a interrompendo.

   — Senti tanto sua falta, qualquer lugar do mundo é péssimo sem você ao meu lado.

   — Tanto quanto eu senti de você. Dessa vez demorou para voltar por que?

   — Meu tio estava com problemas na administração das terras, o antigo administrador dele estava desviando os lucros das plantações e os empregados estavam descontentes com o salário baixo – faz silêncio observando Greer – Ficou chateada?

   — Na verdade sim, sou sua esposa tenho que saber onde está, com quem está e o que faz – profere nervosa.

   — Minha querida são apenas negócios, e eram do meu tio. Ele precisava de ajuda e não adiantaria nada eu lhe mandar uma carta avisando, em que você poderia ajudar?

   — Não sei, nunca vamos saber porque você me afasta e nunca permite que eu te ajude, e por isso nunca vamos saber do que sou capaz – se exalta irritada.

 — Não fale como se eu te oprimisse – a repreende – apenas não quero aborrecê-la com esse tipo de problema que não tem nada haver com você. Eu te amo, e não quero que se se preocupe com nada – sorri gentil.

   — Desculpe, só estou irritada com sua demora e tudo que está acontecendo com minha senhora – suspira pesadamente passando as mãos pelo cabelo com os olhos fechados.

   — O que aconteceu com a rainha Mary?

   — Você não esteve com o rei?

   — Não, até fui procurá-lo mas seu servo pessoal disse que ele tirou o dia para os filhos, não quis me intrometer.

   — Então espere ele provavelmente vai te dizer o que está acontecendo, acredito que seja a vontade do rei te dizer pessoalmente.

   — Assim me deixa preocupado, é muito grave? – franze o cenho.

   — Muito mais que isso, possivelmente uma guerra está a caminho.

   — Uma guerra? Por Deus, meu amor. Amanhã cedo vou até Francis ver como posso ajudá-lo.

   — O rei vai precisar muito do seu apoio.

    — Sim, no entanto agora eu preciso do apoio da minha esposa – sorri malicioso agarrando a cintura de Greer selando seus lábios com necessidade pressionando seu corpo no meio de suas pernas.

   — Não sei se há razão para isso esta noite – interfere afastando o marido.

   — Claro que há, eu te amo quer maior razão que essa. E você também me ama, tudo por nosso amor – profere enquanto desliza delicadamente a chemise de sua esposa por seus braços,  ao passo que beija o ombro da mesma.

   Não tem muito que ela possa fazer a não ser ceder, depois de anos de um casamento perfeito, cheio de paixão. Confusa ou não era responsabilidade dela não deixar que a relação deles morresse.

   É nítido que Richard não percebe nada, devido ao fato que tudo está acontecendo apenas em seu coração e não no do marido. Ele continua a amando do mesmo modo de sempre, e depois de tudo ela não pode machucá-lo, mas não tinha certeza se era mais capaz de retribuir esse sentimento. A única certeza que tinha neste momento era a de que seu corpo não ardia mais por Richard.

   Greer caminha até a cama e fita o teto esperando acabar.

   — Eu te amo – sussurra ofegante em cima da esposa com o rosto na curvatura de seu pescoço.

   Ela permanece imóvel sem proferir palavra alguma.

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