O perigo mora ao lado

Capítulo oito

Estou sentada, em um canto do porão. Os outros estão reunidos no que parece ser um bar. Eles riem e conversam entre eles de forma animada. Talvez estejam comemorando que finalmente vão conseguir prender o meu pai. Ou talvez apenas estejam assim por conta do jogo que terminou há alguns minutos.

Ainda estou pensando nos acontecimentos de hoje. Primeiro a visita do meu pai, junto a minha mãe. Depois a agressão dele. E por fim, a descoberta. Eu não imaginava quem era Vinnie Hacker. Não sabia que ele era um agente e o passado que escondia. Tenho tantas perguntas para fazer, tanto a descobrir. Quero lhe perguntar sobre absolutamente tudo. Porque ainda é confuso demais para mim.

-Sua cabecinha vai explodir se continuar a pensar - Vinnie diz e se senta ao meu lado, encostando o corpo na parede.

-Posso te fazer algumas perguntas?

-Você é bem curiosa, não me surpreende que você esteja me perguntando isso. - Ele deu uma risada e concordou com a cabeça- Pode, pode fazer.

Eu suspiro, paro o meu olhar em um ponto fixo do chão. Não sei qual pergunta quero fazer primeiro.

-Por que se tornou um agente?- Vinnie não parece estar incomodado e apenas dá de ombros, como se a resposta fosse óbvia demais.

-O sentimento de vingança sempre esteve presente em mim. Eu sempre quis ir atrás do assassino dos meus pais. Mas eu não queria fazer isso de uma forma ilegal e eu também não tinha recursos para o procurar. Entrei para o exército, mas logo depois eu cursei ciências políticas. E o resto, eu não sou autorizado para te contar. - Ele piscou para mim com um sorriso sacana e eu apenas revirei os olhos, bobo.

-Por que me contou justamente hoje? Faz tempo que você sabe quem eu sou.

-Porque eu vi o que seu pai fez com você. E eu fiquei com raiva porque não imaginava que ele agredia você e sua mãe. Então eu fui impulsivo e pensei que este é o momento. O momento certo para te contar porque ele não pode mais ficar solto.

-Então se preocupou comigo? - tento evitar um sorriso.

-Também. Evie, eu me preocupo com você. Talvez possa parecer que não…

-Não, não parece. - Eu o corto - Você sempre está me provocando.

-E eu não vou parar com isso, já quero deixar avisado, gatinha. - Ele está sorrindo, um sorriso tão lindo.

Estamos em silêncio, os dois perdidos nos próprios pensamentos. De repente, me sinto envergonhada pelas coisas que meu pai fez. Tenho vergonha de ser filha de um homem assim. E me sinto uma idiota por nunca ter percebido. Agora tudo faz sentido para mim. Por isso que ele quase não parava em casa e sempre estava ocupado. Nunca me deixava entrar em seu escritório, talvez por medo de eu descobrir algo a seu respeito.

Mas como será daqui a diante?

Eu não tenho noção do que irá acontecer. Mas sinto uma adrenalina me consumir. Estou pronta. Vinnie disse que a vingança o levou a ser um agente e ele nunca desistiu de procurar Robert, o assassino de seus pais. O ódio também me consome, e espero ansiosamente para ir atrás dele. E se for necessário, o matar. Por tudo de mal que um dia fez a mim, minha mãe, Vinnie e outras pessoas.

-No que está pensando? - A voz suave dele se faz presente e eu me viro para o encarar.

-Chegou o momento, Vinnie. Ele precisa pagar por tudo o que fez.

-Fico feliz que tenha se juntado a nós. Precisamos muito da sua ajuda.

-Eu vou precisar me tornar uma agente também?

-Se quiser, sim. Mas eu estou afastado, então estou fazendo por conta própria.

-Tipo um mafioso? Isso não é ilegal? - Eu digo com um tom de brincadeira.