Capítulo nove

497 34 4
                                    

A tarde passou rápido e já são quase cinco horas, o que significa que logo terei o meu primeiro treinamento na casa de Vinnie Hacker, o meu vizinho. Não sei explicar o que estou sentindo. Mas hoje pela manhã, senti a ansiedade consumir meu corpo. Talvez no fundo eu esteja com medo. Sim, medo. Ontem Jack Wright me disse que em algum momento eu posso servir como isca e isso me assustou um pouco, porque não faço ideia dos riscos e do que o meu pai pode ser capaz de fazer contra mim. Porque de uma coisa tenho certeza, ele teria coragem para matar a própria filha.

Por falar nesse homem, ele me mandou mensagem de manhã, antes de eu ir para a faculdade. Enviou um novo convite de sua festa de aniversário em um novo endereço. Talvez eu deva contar isso aos meus novos colegas. Não sei como chamá-los, mas acredito que se estamos juntos nessa, talvez eu possa chamá-los assim.

Uma notificação em meu celular chama a minha atenção. É Amélia, confirmando a minha presença em nosso treinamento. Não a vi na faculdade, fiquei um pouco preocupada. Ainda não tive oportunidade de conversar com ela. Ontem ela havia ido embora mais cedo, me deixando com os meninos. Há tantas perguntas que quero fazer a ela. Nunca, em hipótese alguma, me passou pela cabeça que Amélia estaria envolvida com isso. Sequer sabia que ela era uma agente. Claro que ela deve manter o disfarce, como o próprio nome diz, tem que ser secreto. Mas mesmo assim, ela não tem jeito de quem é uma agente. Bem que dizem que as aparências enganam.

Respondo a Amélia, confirmando a minha presença. Faltam poucos minutos, 18 minutos para ser mais exata.

Suspiro fundo e fecho os olhos por alguns segundos, sentindo o vento tocar em minha face, me causando arrepios e tranquilidade. Me sinto como uma pena, podendo tocar uma nuvem. Mas a minha paz é interrompida por um som de lataria batendo.

É Vinnie quem acaba de chegar e está fora de seu carro, com as mãos na nuca, observando o estrago que acabou de fazer em seu carro. Ele parece estar nervoso, não apenas pelo seu carro, tem algo a mais que o incomoda. Consigo sentir isso.

Seu olhar encontra o meu e sinto um arrepio até a última espinha. Seus olhos estão me analisando e ele abre um sorriso antes de acenar, me chamando. Hesitei por alguns segundos, mas logo estava me levantando, saindo de meu quarto e descendo as escadas. Respiro fundo, uma, duas e três vezes antes de abrir a porta da minha casa.

-Hey, gatinha. Está ansiosa para o seu primeiro dia de treinamento?- Estou revirando os olhos e ele, como sempre, está rindo.

-Não gosto desse apelido.

-É mesmo? Por que não?

Não quero ter que contar a ele que esse apelido me causa arrepios pelo o corpo. E̶ ̶q̶u̶e̶ ̶i̶m̶a̶g̶i̶n̶o̶ ̶c̶o̶i̶s̶a̶s̶.

-Estou.

-Está o que?

-Você me perguntou se estou ansiosa. -Respiro fundo e coloco as mãos nos bolsos de minha jaqueta. - Um pouco, mas estou.

Ele está sorrindo para mim e parece querer me dizer algo, mas a nossa pequena interação é interrompida quando levamos o nosso olhar até um carro que está estacionado no outro lado da rua. Jordan é o primeiro a sair do veículo preto, sendo acompanhado por Amélia que está carregando uma mala. Assim que ela me vê, abre um enorme sorriso e vem correndo em minha direção.

-Evie! É muito bom te ver aqui, Jordan duvidou que você viesse, mas eu disse que você iria vir - Ela fala muito rápido e estou um pouco perdida em suas palavras - Eu não disse Jordan? - Ela vira o rosto para o loiro que está cumprimentando Vinnie.

-Ah, oi. É bom te ver, Amélia. - abro um sorriso gentil para ela - E olá, Jordan.

Jordan está parado em minha frente, me observando. Não gosto de seu olhar, porque não sei o que quer dizer. Não sei se está apenas me analisando ou se está me julgando.
Ele não parece gostar muito de mim.

O perigo mora ao ladoOnde histórias criam vida. Descubra agora