Capítulo quatro

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O toque dele em minha pele era macio, suave e delicado.

Não me lembro de nenhuma vez que eu já tenha sido tocada assim.

Seus sussurros eram como música para os meus ouvidos. Se isso era um sonho, eu não gostaria de ser acordada tão cedo.

-Suas roupas estão atrapalhando. - Ele deu uma risada, logo retirando a minha blusa e a jogando em um canto qualquer do meu quarto.

Eu podia sentir o meu rosto queimar com tamanha vergonha.

Seus olhos estavam presos aos meus, eu não queria desviar e ele, aparentemente, também não. Os lábios dele desceram para o colo do meu pescoço. Seus beijos eram como pena. Tão suave.

-Você é linda.

Sua voz parece ser tão doce que eu quero acreditar nele. Quero acreditar que sou linda. Quero acreditar que neste momento ele me deseja mais que tudo, porque eu o desejo, embora tenha negado tantas vezes. Mas seus sonhos estão distante e então, ele começa a se afastar de mim. Há um sorriso em seu rosto e ele parece estar tão relaxado. Sua voz está cada vez mais distante,  mas ainda posso ouvir ele dizer "venha, venha até mim".

Acordo.

Estou com a respiração agitada, meu peito sobe e desce com muita agilidade. Me sento na cama com cuidado.

Ainda são meia-noite, está perto da uma da madrugada.

Toco a minha pele, ainda podendo sentir o toque dele. Tudo não passava de um sonho. E eu queria tanto que fosse real e que Vinnie Hacker estivesse aqui, mas ele não está. E nunca vai estar.

Preciso deixar meus pensamentos de lado. Deixar de acreditar que um dia ele pudesse se sentir atraído por mim. Porque sei que isso só irá acontecer em meus sonhos, e sei que ele não gosta de mim. É perceptível, ele deixa claro todos os dias.

Quero gritar. E quero chorar. Por ser uma boba e talvez estar criando sentimentos pelo o meu vizinho.

Nunca me passou pela cabeça um dia gostar dele. Mas há algo nele que me prende. Gosto de seu sorriso, de seu olhar, de seu jeito estranho de ser. Gosto de seu jeito irritante de me provocar e sempre espero ter uma oportunidade de conversar com ele.

Mas eu preciso matar esses sentimentos. Antes que as famosas borboletas apareçam e tenho medo de não conseguir me controlar e de fazer alguma besteira.

Eu me levanto da minha cama. Preciso respirar um pouco e tentar me acalmar.

Sinto a brisa bater em meus rosto, assim que abro a porta da varanda. E meus olhos se fixam no imenso céu escuro. A Lua está presente e tenho vontade de conversar com ela e lhe contar todos os meus segredos, pensamentos e desejos.

-Também veio apreciar a Lua?

Eu me viro em direção a voz e lá está ele, apoiado na varanda e com um cigarro aceso em suas mãos. Está vestindo apenas um moletom, e meias nos pés.

-Oi, pra você também. - Eu digo.

Ele traga o cigarro e solta a fumaça pelo nariz, antes de enfim me responder.

-Engraçado que normalmente sou eu quem diz isso. - Eu baixo o meu olhar, de repente me sinto envergonhada. - Posso te fazer uma pergunta?

-Pode.

-Por que você não gosta de mim? - Eu levanto o meu olhar para o encarar e nego com a cabeça várias vezes. Vinnie parece não entender. - Isso é um não?

-Eu nunca disse que não gosto de você.

-Então você gosta? - Ele está me encarando com uma de suas sobrancelhas arqueadas.

O perigo mora ao ladoOnde histórias criam vida. Descubra agora