Capítulo doze

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Boa leitura 📖



Nosso treinamento acabou mais cedo devido a chuva que caía fortemente na cidade. Durou mais ou menos uma hora e meia.

Estamos dentro do veículo, enquanto Vinnie dirige tranquilamente pela estrada de terra, ao som de Tupac Shakur. Ele ainda não falou comigo, a não ser no momento em que saímos do galpão, me avisando que o nosso treinamento havia terminado.

- Por que você olha tanto para mim? - Ele pergunta ainda com os olhos fixos na estrada.

- O que…?

- Você me acha atraente? - brinca.
-O que? Não. - Digo ainda um pouco confusa em relação a sua pergunta.

-Então você não me acha atraente?- Ele ri baixinho enquanto estaciona o carro em uma lanchonete no meio da estrada.

-Que lugar é esse? - Pergunto curiosa, retirando o meu cinto de segurança.

-Esse é o restaurante do Bill, você vai gostar de conhecer ele.

-Por que estamos aqui?

Ele revira os olhos após a minha pergunta e assim como eu fiz, retirou o seu cinto de segurança, abrindo a porta do automóvel.

-Você faz perguntas demais. - Diz ríspido e sai do carro.

Eu suspiro fundo passando a mão em minhas madeixas e conto até dez segundos antes de abrir a porta do carro e sair. Vinnie não está no meu campo de visão, isso significa que ele já está dentro do estabelecido. Caminho até a entrada e abro a porta.

O local possui algumas mesas e cadeiras espalhados pelo salão, toalhas em xadrez cobrem a mesa. A estética é semelhante à dos restaurantes e pizzarias italianas. No máximo umas seis pessoas devem estar aqui, contando comigo. Procuro Vinnie pelo o ambiente, não o encontrando. Até que sinto uma respiração em minha nuca, fazendo o meu corpo parar e me fazendo prender a respiração. Lentamente, eu me viro. E então lá está ele.

-Pregou-me um susto, Vinnie. - Reviro os olhos, me virando de costas à ele e descendo alguns degraus indo ao meio do salão.

-Pregou-me um susto?- Ele vem em minha direção e se coloca na minha frente com os braços cruzados.

-Sim, quando uma pessoa te faz sentir o efeito de algo, sabe?

-Eu sei o que significa “pregou-me”, não sou burro. Mas quem ainda fala isso?

Bufei, perdendo um pouco da minha paciência. Ele percebe e abre um sorriso divertido. Quando tenta dizer algo, alguém o interrompe e dou graças por isso, não estou nem um pouco afim de escutar suas gracinhas.

-Vinnie, meu caro amigo!

Um senhor de aproximadamente 65 anos se aproxima se meu vizinho, o cumprimentando com um abraço visivelmente apertado. Eu rio da expressão que o mesmo faz e quando ambos desfaz o abraço, o senhor se vira para mim e me encara. Ele possui cabelo branco, um bigode da mesma cor e seus olhos são azuis como o oceano. Além de possuir um sorriso muito simpático.

-Você deve ser a Evie. Ele me falou tanto sobre você, querida. - Diz enquanto me puxa para um abraço apertado e é a minha vez de fazer uma careta. Escuto Vinnie tossir e ao olhar na direção dele, arqueio uma sobrancelha. Então ele andou falando de mim?- Vocês devem estar com fome, estou certo?

-Acertou, Bill. Estamos famintos, não é mesmo?- Disse ele direcionando o seu olhar a mim.

-Sim, estamos.

-Maravilha, eu vou preparar algo para vocês comerem. Sintam-se em casa. Você gosta de massa, Evie? - pergunta para mim.

-Diria que sou amante de massa, senhor Bill.

Ele ri um pouco se distanciando de mim, seguindo rumo à porta dos fundos. Vinnie acompanha todos os movimentos dele antes de me chamar para as escadas. Confusa eu o sigo. A cada degrau a minha ansiedade aumenta um pouco. E uma vez que já subimos todos os degraus, há um corredor extenso, com algumas portas. A cada passo dado, cada vez mais perto da última porta, consigo escutar uma música. Como eu não consegui ouvir lá de baixo?

Vinnie abriu a porta e eu automaticamente cobri meus ouvidos com as mãos. O som está muito alto e ele percebe o meu incômodo, indo rapidamente desligar a caixa de som que havia no meio da sala.

-Quem foi que desligou o meu…- As palavras do jovem rapaz, que até então estava de costas pintando um quadro, somem assim que meu vizinho desliga a sua música. O jovem, se vira e abre um sorriso minimalista para Hacker. - Se eu soubesse que você viria, teria guardado algumas cervejas.

-Vou cobrar da próxima vez, Davide. Mas hoje não estou afim de beber. - ele diz enquanto se joga no sofá.

-Você sumiu, cara. Senti a sua falta. - O outro diz deixando de lado o seu quadro, que por sinal está ficando muito bonito.

-Quem é ele? - pergunto, não por curiosidade, mas que eles percebam que também estou aqui.

-Ah, Evie. Esse é o Davide, um amigo meu.- Ele diz, nos apresentando.

O tal Davide me encara dos pés a cabeça com um sorriso, e se aproxima para me cumprimentar e sou surpreendida quando o mesmo segura a minha mão e deixa um selar em minha pele.

-Olá, senhorita. Estou honrado em lhe conhecer. - Seus lábios sussurram de uma forma doce e gentil.

-Tá, tá, tá. Vamos parar com essas gracinhas, daqui a pouco estarei vomitando. - Vinnie revira o olhos e seu amigo se afasta de mim, se sentando no sofá e tomo a liberdade de me sentar também.

-Aliás, o que vocês estão fazendo aqui? - Davide pergunta.

-Se lembra de quando eu fiz um favor para você e um dia disse que iria me compensar?- o jovem rapaz assentiu com a cabeça enquanto seu rosto ficava sério. - Pois bem, esse dia chegou.

O perigo mora ao ladoOnde histórias criam vida. Descubra agora