CAPÍTULO 18 - DIAS DE CHEFE

58 6 0
                                    

JAKE

Os dias no restaurante eram os melhores. Duas vezes por semana eu vinha ajudar o meu pai, mas eu não gostava de ficar com a parte chata de organizar as reservas e coisas do tipo, eu gostava de estar na cozinha. Na elaboração dos pratos, inventando e reinventando. Agradar o paladar das pessoas era o que me motivava.

Cheguei à cozinha do restaurante algumas horas antes do início da tarde, e já estava a todo vapor. Assim que entrei já fui logo pegando o avental e o lenço para amarrar em volta do cabelo. Era só colocar os pés na cozinha que o dia se tornava uma correria, mas eu gostava desse jeito frenético de trabalhar.

— Bom dia chefinho. — Marvin falou comigo e fizemos um cumprimento.

— Bom dia. — eu também lhe desejei, com um sorriso no rosto que evidenciava o meu bom humor.

Por mais que ele me chamasse assim, aqui na cozinha todos nós nos tratávamos como iguais. A maior parte das pessoas que trabalham para o meu pai eu conheço desde a infância, exceto Marvin e Meredith, eles chegaram depois e eram mais jovens que os outros, mas o carinho e o respeito que cultivávamos eram os mesmos. Eu cresci dentro dessa cozinha, e os anos acabaram fazendo com que um vínculo além do profissional existisse com todos eles. Era bom o entendimento que tínhamos para além dos pratos que preparávamos. Éramos um bom time, harmonioso e empenhado.

Ajeitei melhor o lenço na cabeça e fui direto para as panelas. O lado bom de ser o filho do dono era que eu podia tirar um tempo para criar as minhas próprias iguarias.

— Hoje o dia vai ser corrido, que bom que apareceu. — Marvin deu dois tapinhas nas minhas costas ao passar por mim.

— Se eu pudesse viria mais vezes. — e viria mesmo. Acho que aqui é o meu lugar favorito no mundo, mas não posso vir muitas vezes porque tem o colégio e outros compromissos que tomam muito o meu tempo.

Peguei a lista e fui dar uma olhada nas reservas. O foco era a hora do almoço. Marvin estava certo, as reservas tinham aumentado bastante considerando as da semana passada, mas, no meio tempo do preparo entre um prato e outro, eu ia dar o meu jeitinho para arrumar um espaço para fazer o que eu mais gosto: usar da minha imaginação para criar novos pratos.

Passei os meus olhos em alguns nomes na lista. Haviam alguns nomes importantes, mas só um me chamou a atenção; Blondeau. Payton estaria lá essa tarde, provavelmente com seus pais já que a reserva era para três.

Uma certa ansiedade tomou conta de mim por descobrir isso, mas resolvi ignorá-la por um tempo, afinal, ainda faltavam algumas horas para isso acontecer, para que Payton estivesse aqui.

O tempo foi passando e o fervor nas panelas aumentando, mas nenhum de nós diminuía o ritmo, precisávamos entregar todos os pedidos dentro do prazo.

O relógio simplesmente não existia quando eu estava na cozinha. Acho que você nunca percebe o tempo passar de fato quando se está fazendo algo que ama.

— A sua garota chegou. — em algum momento, Marvin tirou seu foco do que estava fazendo para se virar para mim. Olhei para a porta, a tempo de vê-la correndo os olhos pelo local.

— Ela não é a minha garota. — foi enquanto eu negava isso para o Marvin que os olhos de Molly me encontraram. Um sorriso apareceu nos seus lábios, e ela começou a vir para o nosso lado.

Era sempre a mesma coisa. Toda vez que a Molly aparecia aqui, o Marvin ficava insinuando coisas que não existiam entre ela e eu. Em geral era na brincadeira, claro, mas ele não escondia o seu tom de verdade ao mencionar alguma coisa do tipo.

— Recebi sua mensagem, o que tem para mim? — ela me disse empolgada.

A Molly era a minha cobaia preferida porque, ela não tinha nenhuma frescura e era sincera em dar sua opinião. Se algo não estava bom, ela não me elogiava só para não ter que me deixar mal, e eu gostava disso nela.

Segredos Da EliteOnde histórias criam vida. Descubra agora