CAPÍTULO 26 - CASA DO LAGO

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JAMES

Eu não gostava de ser controlado, eu nunca gostava de ser controlado. Eu podia fingir que quebrei uma perna, mas acho que nem mesmo isso faria a minha mãe desistir de me arrastar até a casa do lago. Os programas em "família" eram sempre os piores, ainda nem sei por que insistiam nisso, forçar a barra não mudava as coisas e só tínhamos que aturar dias fingindo que estávamos em harmonia. Eu podia querer me safar da viagem dessa vez, mas quando April Sparks metia uma coisa na cabeça era difícil de tirar, ela não era muito de me dar ordens, mas quando dava, eu não queria fazê-la virar uma fera por contrariá-la, já fiz muito isso durante a minha adolescência e os resultados não eram dos melhores.

Acordar às cinco da manhã era uma das piores partes. Todos queriam chegar bem cedo à casa do lago e também pegar a estrada mais vazia, e a minha falta de animação para ir até lá não era nem porque eu odiasse o lugar, era só que passar dias preso no mesmo ambiente que o Brian seria como ter uma prova do inferno.

Como a minha mala já estava quase pronta eu só coloquei algumas camisetas e a fechei para que levasse até o andar de baixo assim que tomasse um banho e me vestisse. Não estava levando muitas coisas, mas sei que as garotas ocupariam 90% do espaço do compartimento do carro mesmo que só fôssemos passar um final de semana fora.

Às 5:30AM eu já tinha descido e ido para a cozinha, odiava ser aquele quem acabava sendo o culpado de atrasar a viagem mesmo que não partir em direção ao nosso destino fosse o que eu mais desejasse. A segunda a descer foi a minha mãe, e ela estava muito bem disposta para quem havia acordado tão cedo.

— Bom te ver de pé. — ela falou assim que me viu sentado em frente a bancada, comendo cereal.

— Alguma chance de te fazer mudar de ideia? — fiz a minha última tentativa, não me custava nada buscar escapar do tormento.

— Nenhuma. — ela disse tranquilamente enquanto ia até a geladeira pegar uma jarra de suco.

— Vem cá, isso foi ideia sua ou do Harvey? — larguei a colher no pote, só para poder olhar para ela com mais atenção. Minha mãe veio até a bancada, seu olhar em mim era meio severo, mas eu já sabia o porquê.

— A ideia foi minha, não do seu pai. — ela deu ênfase na pronúncia e eu sabia que estava me repreendendo por ter dito o nome ao invés do termo.

— Péssima ideia, devo dizer. — fiz questão de deixar claro. Ela podia me obrigar a ir, mas não podia me obrigar a ficar animado com a viagem.

Até que vi a minha mãe abrir a boca para rebater o que eu disse, mas Melissa entrou na cozinha agitada e isso fez nós dois olharmos para ela.

— Não estou achando a minha escova de cabelo. — ela comentou, como se aquele fosse o maior dos problemas do mundo.

— Leve qualquer escova. — nossa mãe tentou cortar aquilo por ali, porque sabia que Melissa acabaria atrasando tudo por uma bendita escova.

— Não! Não posso levar qualquer uma, só aquela deixa o meu cabelo perfeito, não vou sem ela. — vi a minha mãe respirar fundo. Melissa conseguia ser bem irritante quando queria. Que diferença fazia a droga de uma escova de cabelo? Todas não penteavam da mesma forma?

— A escova não é mágica, ela não vai te fazer ficar mais bonita. — eu só queria alfinetar, tanto que a cara de raiva que ela lançou para mim só me fez ter um sorriso nos lábios.

— Não se mete no que não entende! Se gosta de andar com o seu cabelo todo desgrenhado por aí o problema é todo seu, mas eu não sou obrigada a criar dormitórios de gatos dentro do meu cabelo como você faz com o seu. — mas do que ela estava falando? Eu não andava com o cabelo tão péssimo por aí, tudo bem que às vezes eu não o penteava, mas também não era como se precisasse, vez ou outra só passar os dedos nos fios resolvia perfeitamente, não era como se eu estivesse criando dormitórios para gatos como ela acabou de dizer.

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