CAPÍTULO 13 - ENTRE A CRUZ E A ESPADA

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FREDDIE

Naquela tarde quando eu destranquei a porta do nosso AP na cobertura eu sabia que eu não poderia mais adiar aquela conversa com a minha mãe, aquela sobre Hanna e eu. Tenho tido receio desse momento desde que me envolvi com ela, mas sentia que a nossa relação estava escapando pelos meus dedos mantendo esse segredo, e eu não queria perdê-la. Entendo que ainda somos muito jovens, mas não existe idade para você se dar conta que está apaixonado por alguém, e eu me apaixonei pela Montgomery, sendo essa a minha perdição ou a melhor coisa que já me aconteceu na vida.

Eu não sabia se era pela conversa que teria, mas senti o clima pesado assim que entrei no apartamento. Estava tudo silencioso e aparentemente como de costume, até uma pessoa diferente surgir no meu campo de visão.

Meu tio Cody saía do escritório e vê-lo ali, parecia deixar tudo a minha volta mais tenso. Não pude evitar pensar em tudo o que a Payton me disse mais cedo no colégio, achei que ela estivesse começando a delirar, e criar coisas que não existem em sua cabeça, mas pelo visto a situação era mesmo séria.

— Boa tarde tio Cody. — eu falei com ele, guardando as minhas chaves no bolso da calça. Só então ele pareceu ter notado a minha presença, estava distraído e não conseguia impedir que seus pensamentos permanecessem em outro lugar.

— Ah, oi Freddie. Como tem estado? — eu não sabia se ele tinha perguntado só por perguntar ou se suspeitava que algo fora do comum pudesse ter acontecido na minha manhã, e mesmo tudo estando de ponta-cabeça na minha vida eu não poderia dar outra resposta a ele senão a afirmação de que tudo estava como sempre foi.

— Nada novo acontecendo, estou legal. — inventei uma grande mentira.

Seu olhar para mim foi como se houvesse pesar, como se dissesse que aquilo seria mudado em breve, e que eu não gostaria nada dessas mudanças.

— Bom assim. Quando a gente é novo os problemas não são nada comparados aos que você tem mais tarde. — ele suspirou. — Aproveite a sua juventude, Freddie, você só a vive uma vez. — e com esse conselho, ele me fez um aceno com a cabeça e saiu da nossa cobertura.

Fiquei me perguntando o que de tão ruim e perturbador estava acontecendo com o tio Cody, ele sempre foi um cara animado. Acho que o desgaste veio com o tempo, tanto emocional como físico, ele realmente parecia mais cansado de uns tempos para cá.

Continuei ponderando o que ele me disse até entrar no escritório. Talvez eu devesse mesmo aproveitar a minha juventude sem me preocupar com as consequências futuras. Eu sempre fui um garoto que não esquentava a cabeça com muitas coisas, mas quando o assunto era a Hanna tudo parecia incerto na minha vida, a não ser a certeza que eu tinha de não querer me afastar dela nunca. Era como viver em uma bolha de medo, por perdê-la, por ela deixar de me amar ou por eu magoá-la de algum jeito. Eu sei que eu faria qualquer coisa por ela, moveria céus e terras, só para que ela estivesse bem.

Ver a minha mãe sentada na poltrona do outro lado da mesa me tirou do estado de paz que eu geralmente costumava ficar, pela primeira vez eu me sentia inquieto e eu não gostava dessa sensação.

Respirei fundo e pensei: adiar não estava mais nos planos. Não posso fugir dessa conversa por anos mais à frente. Sei que só estou tentando proteger o que eu e a Hanna temos ao manter isso em segredo, mas talvez tivesse chegado o momento de as coisas não serem mais assim.

— Mãe, eu... queria conversar com a senhora, tem um minuto? — ela levantou o olhar para mim e tirou as mãos das têmporas. Acho que a conversa com o meu tio Cody foi realmente perturbadora, eu nunca tinha a visto ficar tão desconsertada dessa maneira.

— É algo relacionado ao seu tio Cody ter saído daqui? — ela questionou.

Nunca fui excluído dos assuntos que envolviam toda a nossa família, os meus pais sempre foram bem abertos comigo sobre tudo, desde a infância. Eles me criaram para ser alguém que sabe o que é confiança e maturidade. Acho que eles se prenderam na vantagem de ter apenas um filho; é que a educação seria inteiramente foco em uma única criança.

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