CAPÍTULO 40 - ESPECIAL EMMY

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EMMY

A melodia que ouço me acalma de uma forma inexplicável. Me senti tentada a descer e ver de perto a pessoa que expõe seu talento no salão no andar de baixo. Tentei não fazer muito barulho com meus saltos ao que me aproximei mais do cômodo. Por mais que já imaginasse de quem se tratava, ainda assim fiquei surpreendida por ver James tão concentrado em cada nota que seus dedos formavam. Não há partitura à sua frente, ele toca com a alma, e se entrega totalmente a canção. É lindo assisti-lo assim.

Ao vê-lo ali descobri a imensidão da saudade que sentia de ouvi-lo tocar. O talento de James era realmente incomparável. Me deixava triste o fato de ele ter desistido das apresentações que fazia quando mais jovem, desta forma ele poupava o mundo de algo incrível.

A nota foi interrompida de repente quando James percebeu a minha presença. Queria ter tido a chance de desfrutar um pouco mais daquele momento, mas só presenciá-lo já me deixava extremamente feliz.

— Desculpe, não tinha te visto aí. — ele se moveu desconfortável no banco enquanto olhava para mim.

— Está melhor desde a última vez que te escutei tocar. — caminhei até ele sem conseguir esconder o sorriso no meu rosto.

— Não andei praticando nos últimos anos. — ele tentou fazer parecer menos do que era, mas sei que ele tinha noção do que acabou de me proporcionar mesmo sem intenção.

— Ainda assim, cada nota foi perfeita. — não fazia ideia do que o levou a tocar depois de tanto tempo, mas o que quer que tenha sido rezo para que continue a despertar as coisas boas dentro de James novamente.

Ele não soube o que dizer diante do meu elogio. James nunca soube muito bem como lidar com os elogios recebidos das outras pessoas, era como se ele não se sentisse bom o suficiente para que alguém lhe dissesse coisas boas sobre ele mesmo.

— Ainda gostaria de saber por que deixou o piano de lado, sempre foi tão incrível. — agora eu estava do outro lado do instrumento, de frente para ele que permanecia sentado, mas agora com as mãos longe das teclas.

— Eu só... percebi que não era algo para mim. — eu não conseguia entender o sentido por trás das palavras dele. James sempre amou tocar cada nota presente no piano, e um dia simplesmente decidiu que não queria mais nada daquilo. E então, nunca mais voltou a tocar novamente, até hoje.

— Me lembro da primeira vez que te ensinei a tocar, estava tão entusiasmado com isso. — relembrei-o.

— Eu não... não odeio tocar, mas sei que não é algo que queira levar como profissão. — ele finalmente confessou. Sei que posso tirar mais do que isso dele. James parecia disposto a falar dessa vez.

— É mais do que isso. Não querer levar como profissão não impede que toque casualmente. — ele suspirou. Pude ver o seu interior batalhando se devia ou não me contar o real motivo por trás dessa decisão.

— Não vejo motivos para isso quando se te...

— Amor. — Lance apareceu na porta do salão, nos interrompendo. Somente depois de chamar por mim ele percebeu a presença de James e logo tentou se desculpar com o olhar o que quer que tenha atrapalhado entre nós dois. James rapidamente se levantou do lugar quando se deu conta da chegada do pai e vi que ele estava ainda mais desconfortável do que quando eu cheguei.

— Eu... preciso ir. Fiquei de resolver algumas coisas agora à tarde. — ele se preparou para deixar o local, mas Lance chamou a sua atenção para si.

— Posso falar com você antes? — ele pediu. Não me agradava nem um pouco a relação que eles levavam. Lance parecia sempre pisar em ovos quando se tratava de algo relacionado ao James. Eles eram pai e filho, deveriam ter uma relação sólida, como era quando James ainda era apenas uma criança.

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