CAPÍTULO 15 - ODEIO SER NOTADA

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NATASHA

— Não Austin, você não vai usar a bateria do meu notebook para fazer suas experiências malucas! — disse autoritária e tomei a bateria das mãos dele.

Esse menino às vezes definitivamente me tira do sério. Sempre inventa de fazer alguma loucura, e o pior é quando vem querer usar as minhas coisas para isso. Já não basta meus pais terem aceitado ele ter aquele lagarto irritante, ainda por cima tenho que aturar brincadeiras de mau gosto que ele sempre costuma fazer.

— Mas eu preciso dela, senão não vai funcionar! — queixou-se.

Austin é meu irmão mais novo, ele só tem 12 anos, mas digamos que é uma peste! Talvez seja só uma fase, até porque o Troy era exatamente como ele quando tinha a sua idade.

Já Troy é meu irmão mais velho, ele cursa a faculdade agora e por isso passa a maior parte do tempo no campus do que em casa. Eu simplesmente o invejo por isso. Não vejo a hora de terminar o colegial e entrar para a Riverside, que é a melhor academia de dança da Califórnia. Isso é o meu maior sonho, e mesmo meu pai não estando muito de acordo com isso por ser uma academia distante de onde moramos, é exatamente o que eu pretendo fazer.

— O problema é seu! Eu estou indo, e se quando eu chegar ela não estiver no lugar e intacta vai se ver com o papai! — coloquei a bateria em cima da mesinha do computador e saí do quarto irritada.

Me senti culpada por ter gritado com ele assim que deixei o cômodo. Eu sei que o Austin só faz tudo isso mais para chamar a atenção. Assim como eu, o Troy ou o papai, Austin sente uma imensa falta da mamãe, e por ele ser mais novo acho que a morte dela acabou o afetando mais. Perder a mãe aos onze anos, na época em que você começa enxergar as coisas por uma perspectiva diferente é o momento que você mais precisa de alguém que te dê ótimos conselhos, os conselhos de uma mãe, e Austin jamais teria isso.

Já havia se passado um ano desde que ela falecera, e mesmo assim a ferida que eu tinha no meu peito estava tão aberta como uma fratura exposta, e parecia que nunca iria cicatrizar.

Foi a pior época da minha vida. Ver ela morrendo lentamente e não poder fazer nada para evitar que ela partisse. O câncer nem mesmo deveria existir. Uma doença como essa não deveria afetar nem as piores pessoas. Um assassino silencioso que destrói tudo ao seu redor, tudo o que você ama. Por onde o câncer passa ele deixa um rastro de destruição.

— Já ia te chamar. — meu pai falou assim que cheguei na sala.

— Já estou aqui, podemos ir. — fui para a porta e caminhei até o carro que já estava fora da garagem. Entrei me sentando no banco do carona e esperei que meu pai também entrasse e desse partida no automóvel.

Assim que meu pai estacionou o carro na vaga para professores eu abri a porta para sair dali e entrar no Colégio, mas ele me chamou e disse:

— Natasha, preciso que hoje você fique aqui por um tempo depois da aula.

— Por quê? — questionei, com curiosidade e confusão atravessando-me.

— Vou repassar algumas estratégias com os meninos e isso pode demorar um pouco.

— Tudo bem. — suspirei ao saber do motivo.

Eu não sei por que meu pai não me deixava ir e voltar do Colégio sozinha. Só porque ele trabalha aqui não significa que eu tenho que ir e voltar com ele. Fala sério, eu já tinha 17 anos, e alguns dos meus amigos até carro já tinham. Nunca fiz questão disso, até porque quero conseguir as coisas por conta própria, por mérito meu. Mas ele chega a ser um pai tão protetor que às vezes o vejo me tratando como uma criança.

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