Segredos Da Elite

CAPÍTULO 41 - UM EGOÍSTA

JUDY

Decidi tomar um banho de sol essa manhã, talvez assim conseguisse colocar os pensamentos em ordem. Fazia tempo que eu não tirava um momento para relaxar e estava tudo uma confusão. Qualquer coisa que eu tentasse fazer acabava me levando de volta à noite que eu tive com o James. Se eu fechasse os olhos ainda podia sentir os dedos dele correndo pela minha pele como se fosse agora.

De repente, uma voz grave chegou aos meus ouvidos. Levei um susto e abri os meus olhos. Eu estava virada para a pessoa que chegava perto de mim feito um furacão.

— Seria legal você cuidar dos assuntos da sua vida pelo menos uma vez, ao invés de se intrometer na minha! — ele gritou. Era o James. Estava parado na minha frente, e a feição que tinha era de poucos amigos.

Por instinto me cobri com a toalha. Não sei por que tive a necessidade de fazer isso se nunca me senti desconfortável por mostrar o meu corpo para alguém antes.

Percebi a euforia que o atingia, deixando a confusão esgalhar-se por mim. O que havia acontecido de tão ruim para aborrecê-lo tanto?

— O-o quê? Do que você está falando? — disse. Ele riu.

Me deixava apreensiva o modo como o fez. Queria ser capaz de perguntar algo além do que se passava, mas não encontrei palavras para isso.

— Não seja cínica! Você é tão patética e infantil. Não acredito que fui tão tolo ao ponto de confiar em você.

James explodiu mais uma vez. Senti meu corpo tremer. Nunca tinha o visto assim antes, não comigo. Tudo bem que já tivemos muitas brigas, mas dessa vez, ele estava realmente com raiva de mim, como se eu fosse a pior pessoa do mundo. Não conseguia pensar no que poderia ter feito de tão ruim para receber aquelas duras palavras. Meu peito doía por vê-lo me insultar assim.

— Não sei do que está falando.

Me ver perdida parecia irritá-lo ainda mais, mas o que eu podia fazer? Se realmente não compreendia o que ele falava.

— Por que contou ao meu pai sobre as corridas ilegais?! — disparou finalmente, ainda aos gritos.

— Eu não... não contei nada, a ninguém! — me defendi instintivamente. Minha cabeça girava um pouco tentando absorver o que se passava. A raiva crescia dentro de mim à medida que eu juntava as peças do quebra-cabeça.

— Ah não? Como quer que eu acredite nisso? Só você sabia sobre a corrida que aconteceria em Watts na noite passada, apenas você! — ele estava mesmo desconfiando de mim? Eu sabia sim sobre essa tal corrida que aconteceria em Watts e que James estaria lá, mas ser dedo-duro já era outra coisa.

Senti que iria chorar a qualquer momento, mas não poderia fazê-lo na frente de James. Ele poderia ter perguntado civilizadamente ao invés de simplesmente cuspir essa acusação na minha cara. Não fazia ideia de quem poderia ter contado ao pai dele tal coisa, mas eu jamais faria isso, ele deveria saber disso a essa altura.

— Não sei como pôde pensar que eu faria algo assim, e não tenho que provar nada a você, mas eu juro que não contei nada a ninguém. Prefiro acreditar que alguém encheu a tua cabeça com essas mentiras do que pensar que você me juga ser uma pessoa tão suja.

A expressão dele se suavizou. Eu mal continha a vontade de lhe acertar um tapa por isso. Talvez o tamanho da minha decepção tenha contribuído para a falta de movimentos dos membros do meu corpo. Se não o conhecesse poderia dizer que estava arrependido, entretanto, isso jamais aconteceria.

— Judy...

— Vai embora daqui, James. — eu não precisava ouvir mais palavras ofensivas. Agora, eu só queria que ele desaparecesse da minha frente.