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Suspiro pesadamente enquanto o homem idoso em minha frente lia os papéis o mais lento possível.

Eu quero ir embora, quero ir para casa, tomar um banho e dormir com o Micael.
Espero que ele não tenha dado tanto trabalho para Íris. Querendo ou não, ela também estava cansada.
Será que ele dormiu?
Será que não ficou acordado me esperando?
Não, Íris não iria deixar ele acordado, iria fazer o máximo para que ele dormisse.

? Para Gabriel Hellsing....

Levanto minhas orelhas ao ouvir o nome de Gabriel. Significa que depois disso eu posso ir embora.

? Deixo minhas mansões na praia, as de Nova York, Chicago, México e Austrália. O Iate "Sonhador", 70% da Herança em dinheiro e as joias passadas de geração a geração.

Gabriel - Que!? Por que eu não fiquei com a mansão daqui?

- Gabriel, fica quieto

Aliso minha testa ao ouvir seus gritos

Gabriel - Quem ficou com a mansão daqui?

Ele vai começar com suas crises de mimado de novo.
Agora sem o pai para lhe dar tudo que quer, tenho dó de quem tenha que suportar esse homem.

? Não consta nos papéis

Gabriel - Então é minha

Ele fala cruzando os braços

? Senhor, não é assim que funciona

Gabriel - Não está escrito no testamento, então é minha mansão, quero ver quem vai me tirar de lá

Dou um tapa em sua nuca e ele me olha com lágrimas nos olhos.

- Fique quieto, acha que isso se trata apenas de bens materiais? Tem gente sofrendo de verdade pela morte do pai e você vem aqui apenas para ganhar mansões. É melhor que você cale sua boca e não prolonge mais esse evento

Quero ir embora logo

- Por favor, prossiga

Será que eu já posso ir embora?
Tanto faz, já sei que se ganhar algo, eu não irei permanecer com o que me foi dado. Não quero nada que venha desse homem.

Olho para Gabriel que chorava silenciosamente.
Aliso suas costas e o mesmo foca sua visão em mim

- Eu estou indo embora, boa sorte com sua vida

Levanto da cadeira e me dirijo até a porta da sala.
Suspiro calmamente por finalmente estar indo embora.
Nem acredito que Gabriel me fez vir aqui. Bom, pelo menos Micael está seguro, e agora longe das mãos do meu irmão.

? Para meu filho Daniel....

Travo em frente a porta, ao ouvir suas palavras, e hesito pegar a maçaneta da mesma.
Eu nem sequer deveria estar recebendo alguma coisa.... Oque esse homem com tanto rancor guardado iria querer me dar?

? Deixo a caixa de número 34

Olho para o homem que lia o testamento e ao seu lado um segurança segurando uma caixa marrom com o número 34 estampado na mesma.

Me direciono até ele e calmamente pego a caixa em minhas mãos.
Assino o papel de retirada e calmamente me direciono até a saída daquele local.
Assim que saio do prédio, um arrepio sobe por minha espinha.

Vou até o carro e calmamente entro no mesmo.
Abro a caixa e me surpreendo ao ver diversos papéis hospitalares.

Pego um dos papéis e começo a ler.

Conforme eu lia os papéis meu sangue fervia em ódio.
Mesmo que eu já soubesse tudo que está aqui, saber que era realmente verdade e que não aconteceu apenas uma vez me faz ter mais ódio daquele homem.
Deveria tê-lo matado da maneira mais cruel possível. Devia ter visto ele sangrar até a morte..... devia ter protegido minha mãe enquanto ela ainda lembrava das coisas.

Aliso minha testa enquanto sentia uma enorme vontade de chorar.

Me assusto com batidas no vidro do carro e logo abro a porta do mesmo.

Gabriel - Então.... oque você ganhou

- Papéis

Limpo minhas lágrimas antes que as mesmas caíssem de meus olhos

Gabriel - Ei, não precisa chorar, também estou triste pela morte do pai. Tudo bem ficar arrependido agora, falo sério.

Levanto minhas orelhas

- Arrependido? Triste pela morte dele? Você está falando sério!?

Gabriel - Estou errado?

Chuto ele para longe do carro e saio do mesmo. A caixa com os vários papéis cai no chão, porém eu a ignoro

- Meu único arrependimento é não ter ficado para ver aquele velho morrer afogado em seu próprio sangue

Gabriel - Não fala isso Dani

- Não falar isso? Por que? Vai chorar?

Gabriel - Ele não merecia aquilo! Você foi um idiota! Tudo por uma criança que você nem ao menos conhece direito! Você matou sua própria família!

- Família? Logo você quer vir me falar sobre família? Vocês não são minha família, nenhum dos dois, nunca fizeram parte do que eu considero família

Ele recua

- Seu pai, o "bom moço" que piorou a doença cerebral da mãe

Faço aspas no ar para enfatizar a ironia

- Ele a estuprou diversas vezes, incontáveis vezes. Você e eu somos frutos de um estupro Gabriel, mamãe teve que nos parir sabendo que não era desse jeito que queria formar uma família

Gabriel - É mentira!

- Ele injetava diversas drogas na veia da mãe, isso não resultou em boa coisa

Gabriel - Para de mentir!

Ele grita enquanto recuava, ao mesmo tempo que eu andava ainda mais para cima dele

- Mentir? Por que eu mentiria para você? Estou te contando coisas que eu via e você não. A mãe tendo overdose no quarto e pai não fazendo nada, quem você acha que chamava a ambulância todas as vezes? O pai?

Ele fica contra a parede

- Não, não, não. Era eu que chamava a ambulância. Ficava esperando com o telefone na mão, bem ao lado da porta do quarto deles. Se não fosse por mim, mamãe já estaria morta a muito tempo

Gabriel - CALA A BOCA!

Suspiro pesadamente assim que percebo que isso não me levaria a lugar nenhum.
Estou apenas perdendo tempo aqui enquanto poderia estar em casa com meu neném.

Me dirijo até o carro, mas antes que pudesse entrar no mesmo, Gabriel se pronuncia novamente

Gabriel - Você nunca viu como o papai era! Se você parasse para prestar atenção, iria ver o bom homem que ele era

Chuto a caixa com os papéis e a mesma bate contra a parede em que Gabriel se apoiava

- Fique com isso e veja o "Bom homem" que nosso pai era. Só depois não fique decepcionado, papai era um ótimo ignorante

Entro no carro e logo coloco o cinto.
Já está mais do que na hora de eu ir para casa.

The Wolf and The SheepOnde histórias criam vida. Descubra agora