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Soraya Thronicke>>>


_Ei princesa da mãe, vamos acordar filha?_ a chamei com cuidado.

Ela franziu sua testa, resmungou algo, e se virou na cama de novo, puxei o lençol com calma de cima dela, e fiz um carinho em sua mãozinha.

_Meu amor, hoje tem creche, vamo acordar? hoje é dia de ver os amiguinhos_ passei a mão em seu cabelinho escuro.

Olhei no relógio, ainda podia dar uns cinco minutinhos pra ela, coloquei os travesseiros da minha cama ao seu redor, e saí do quarto, essa noite ela dormiu comigo, estava manhosa.

_Oi mãe, bom dia de novo_ lhe dei um beijo no rosto.

_Oi filha, estou fazendo o mingau dela, espero que não se importe_ falou.

_Magina mamãe, agradeço muito por ter a senhora aqui com a gente_ disse.

Mamãe voltou de viagem tem três meses, e pediu para ficar aqui em casa comigo, por mim e claro, principalmente por sua netinha amada, e ela tem me ajudado tanto.

_Vou arrumar meus materiais, volto_ avisei.

Passei pelo curto corredor e entrei em uma salinha que fiz para fazer meus planos de aula, sou professora de inglês do ensino médio, trabalho em duas escolas, que bom que eu consigo conciliar tudo isso.

_Filha, estavam ligando pra você_ mamãe entregou meu celular.

_Ah, a senhora viu quem era?_ perguntei.

_A outra mãe da Jessie_ revirou seus olhos.

_Tá, depois falo com ela_ aproveitei e coloquei o celular para carregar.

Mamãe não gosta muito da Simone, gostou antes, mas hoje em dia, não muito, se faz de simpática quando ela vem buscar a nossa filha para passar os dias com ela, como tem sido há dois anos.

Vivi coisas lindas com a Simone, ainda sonhava em casar com ela, ter nossos filhos, morar em um novo lugar, assim como chegamos a planejar um dia, mas ela fez tudo ir por água abaixo.

_Ai Simone, como seria nossas vidas hoje se você não tivesse feito o que fez?_ perguntei para o nada.

Há lembranças vividas por nós ainda vivas aqui em minha mente e coração, desde o primeiro beijo, até a nossa última noite de amor, uma semana depois, ao sair da escola, passei por seu trabalho, como tinha combinado.

Meu coração tava apertado nesse dia, como se algo estivesse prestes a acontecer, e estava mesmo, falei com seus colegas de trabalho, e lembro de ter sentido os olhares dos mesmos direcionados à mim de maneira estranha.

"Me deixe entrar, eu sei que Simone está na sala dela", lembro de ter falado, o seu colega, e amigo, não tava deixando eu ir até a sala dela, mas assim que ele se distraiu, consegui correr até onde eu sabia que ela estava.

Assim que eu abri a porta, me deparei com a pior cena da minha vida, uma mulher beijava a Simone e só faltava engolir ela, "Por isso o seu amigo não estava deixando eu entrar?", "Soraya, não é nada disso que está pensando"...

Por quê quem trai tem a péssima mania de dizer isso quando é flagrado? lembro de ter saído furiosa e triste ao mesmo tempo daquela delegacia, pois a mesma é delegada aqui da nossa pequena cidade do Mato Grosso do Sul.

_Mamãe... colo mamãe_ me virei para a porta e lá estava Jessie.

Ainda com o seu pijama e meias nos pés, acordou e saiu da cama, ainda bem que a mesma não é alta assim, para fazer o risco dela sofrer uma grande queda.

_Acordou meu amor_ ela levantou os bracinhos.

Terminei de colocar alguns livros dentro da mochila, já ia saindo do sala quando vi o celular piscar, o mesmo estava no silencioso, esqueço de deixá-lo no alto, olhei e era Simone, resolvi atender.

_Oi... bom dia... sim, ah, não sei, , tudo bem... certo, até_ desliguei antes dela querer prolongar como costuma fazer.

Após a traição dela, passei quase um mês dentro de casa, trancada, me sentia destruída, não poderia me sentir de outra maneira após descobrir o chifre que eu havia levado.

Duas semanas após a descoberta da traição, comecei a me sentir mal, enjoos, dores de cabeça e tudo mais, até que um dia a Leila, irmã da Simone, foi me visitar.

Eu e Leila continuávamos nos falando, mesmo eu já não vivendo mais com sua irmã, nos tornamos boas amigas, e foi durante a sua visita, que eu tive meu primeiro desmaio.

Ao acordar, eu estava no quarto de um hospital, não sabia muito bem do que tinha acontecido, Leila estava ali, quando ela viu que eu tava acordada, foi falar comigo.

"Eu grávida?", foi o que perguntei quando minha cunhada me contou o motivo de ter me levado a sofrer um desmaio, foi uma surpresa e tanto, Simone deixou algo em mim que nos ligaria para sempre, a nossa filha.

Apesar de estar magoada com ela, eu não iria lhe esconder a gravidez, afinal, ela era mãe do bebê que eu carregava em meu ventre, foi algo que a fez se culpar mais ainda, pelo o que fez comigo.

"Estou tão feliz por isso, vamos ter um bebê", ela disse quando eu tive coragem de conversar com ela pela primeira vez, depois de tudo, e então ela passou a se tornar mais presente em minha vida, e sempre que eu estava com ela em alguma consulta, algo assim, eu lembrava de tudo.

_Hora do banho, meu amor_ enchi a banheira da minha filha, e dei o seu banhinho.

Deixei ela arrumadinha, com seu uniforme da creche, Jessie é igual a Simone, e isso me faz lembrar da mesma duas vezes mais, mais do que eu queria pensar.

Nossa relação acabou de forma brusca, briguei com ela, a xinguei de todos os nomes possíveis, e fui embora de sua casa, eu já vivia mais lá do que na minha própria casa.

Porém, eu nunca deixei de amá-la, mas não digo isso à ela, guardo pra mim, quem sabe um dia, eu possa contar, já a mesma, faz questão de me dizer isso sempre que encontra comigo.

_Soraya, aquela mulher ali na porta_ já disse que mamãe não gosta dela?

_A senhora dá o..._ iria falar do mingau da Jessie.

_Claro, vai , e jogue um balde de água nela_ ok, isso me fez rir.

Saí da cozinha e caminhei até a porta, abri e ela estava ali sentada no banco que tem do lado de fora na varanda, Simone estava com sua roupa de trabalho, e não tirava os olhos do meu corpo.

_Quer um pano pra limpar essa baba? escorrendo já_ ela piscou algumas vezes.

_Soraya, caramba_ olhei pro meu próprio corpo.

Eu ainda estava com o meu vestidinho azul de seda, o mesmo ia até o meio de minhas coxas grossas, por isso o seu olhar em mim.

_A Jessie está tomando o mingau ainda_ falei.

_Tudo bem, eu espero_ disse sem jeito.

_Pode entrar, ela está na cozinha com a mamãe_ dei passagem pra ela.

Fechei a porta e fui para o banheiro, Simone já conhecia o caminho, logo pude ouvir sua voz na cozinha, e as gargalhadas da nossa pequena, vamos lá pra mais um dia com a mulher que eu ainda amo, só que agora, em segredo...



>💖>

a autora não demorou em
aparecer com uma nova
história, espero que
possam gostar de mais
uma história que trago
para vocês 😉

Uma segunda chance pra nós Onde histórias criam vida. Descubra agora