Sol, 07.03.17'A marcha nupcial se inicia, eu
não paro de pensar no que está prestes a acontecer. Eu estou prestes a casar com o irmão do cara que eu sempre amei, não que eu não goste muito do meu noivo.. mas desde que eu fui pela primeira vez à casa da família Brasileiro, eu sabia que amava o Matheus.
Nossa história é longa, complicada, e agora ele está no altar me esperando, porém ao contrário de todos os sonhos que eu tive, não era com ele que eu iria casar. O Daniel estava visivelmente nervoso e feliz, queria poder dizer o mesmo sobre os meus sentimentos, mas não seria verdade. A caminhada foi possivelmente o momento mais torturante da minha vida, segurava nos braços do meu pai sem conseguir olhar pra mais nada além Dele.
Sou guiada pelo o que me parecia a eternidade e fui entregue ao meu futuro esposo, toda a cerimônia passa e eu observo Matheus, bem ali na minha frente, sem esboçar qualquer reação, ele nem sequer me notava ali, acho que isso doía mais do que eu gostaria.
— ... Fale agora ou cale-se para sempre. — Torço para que alguma palavra saia da minha boca, o que eu 'tô fazendo aqui? O silêncio para minha infelicidade assola o ambiente, e pela primeira vez Ele dirige o olhar para mim, nossos olhos se cruzam em meio ao silêncio como se estivéssemos gritando um com o outro, será que ele sente o mesmo? O nosso olhar durou tempo suficiente para se tornar um momento constrangedor a ponto do meu melhor amigo, Jorge, quebrar a tensão com uma tosse.
"Eu te amo" Daniel sussurra, mas eu ainda estava presa em um transe olhando o rosto do irmão dele, é nessa hora que eu decido fazer o certo.
— Me desculpa, eu não posso. — Solto a mão do meu até então noivo e saio correndo, talvez não tão rápido devido a quantidade absurda de tecido que me envolvia, mas tenho certeza que Gabi e Jorge vem comigo.
1 SEMANA DEPOIS, Sol.
— Amiga, 'tá na hora de se desculpar por tudo e seguir em frente. Eu sei que provavelmente vai ser estranho, mas até o Daniel falou que vocês não faziam sentido e 'tá tudo bem! — A Gabi fala enquanto eu afundo a cabeça no travesseiro, tinha acabado de sair de uma ligação com meu ex, ele está feliz como sempre, como se nada tivesse o afetado.
— Estou com vergonha de mim mesma, eu não deveria ter aceitado nem o pedido de namoro, mas ver o Matheus ali definitivamente me enfraqueceu. Como ele consegue ficar tão sério mesmo depois de dizer que me ama literalmente CINCO minutos antes do casamento começar? — Decido levantar e ligar o meu notebook — Quer saber? Eu vou pra França, pelo menos lá eu ficarei até esse escândalo passar!
Matheus, França.
Meu fone de ouvido está no máximo, essa última semana provavelmente foi a mais intensa da minha vida. Após o fracasso no casamento do meu irmão a única coisa que eu sentia era culpa. Apesar de estarmos sempre em contato e ele me dizer que está mais feliz assim, eu não consigo parar de pensar que se eu não tivesse cometido a burrada de abrir meu coração pra Ela naquela hora, talvez eles estivessem casados e a vida fosse mais fácil, até pra mim.
Decido que era hora de seguir em frente, se fosse para estar junto com ela, ela não teria sumido quando a procurei. Abro meu celular enquanto paro em uma cafeteria, meu coração acelera ao ver a bolinha dos stories dela lá, por mais que eu estivesse relutando, tive que abrir.
— PORRA! — Falei baixo, mas aparentemente não baixo o suficiente. Já senti o olhar de estranheza do barista. Não é possível que a gente vá se encontrar, eu penso tentando acalmar a minha mente, Paris é tão grande. Até que o sininho do café toca, eu me viro lentamente para a porta, metade de mim torcia pra ser a minha branquela, mas a outra metade..
Não era ela.
Respiro aliviado, pegando meu café e seguindo viagem, minha mente continua tentando me enganar, a cada esquina que eu viro, a cada loira que eu vejo, queria que fosse ela.
Matheus, 07.03.17.
'Ser padrinho desse casamento
é o maior desafio da minha vida, eu e Sol em um altar de um jeito que eu imaginei, ela era a noiva, mas não iria se casar comigo. Daniel sabia de tudo, da nossa história, da nossa conexão, mas mesmo assim ele foi casar com A minha branquela.
— Você 'tá uma puta gata, como sempre — Digo para ela quando entro no ambiente, Sol dava os últimos retoques, faltavam 5 minutos para a minha entrada, estamos sozinhos juntos numa sala pela primeira vez em talvez 1 ano.
— Obrigada, Matheus. — Ela me vê sorrindo de canto e sorri de volta, sua cara não exalava a felicidade que uma noiva deveria sentir.
— 'Cê 'tá bem? — Ela apenas acena que sim com a cabeça, ainda se olhando no espelho. — Porra, Sol. Eu te amo. Eu te amo branquela. Vira pra mim e me diz que você não tá sentindo o mesmo, fala na minha cara que a gente acabou de vez e que 'cê tem certeza desse casamento. Porra, se eu soubesse que te ver assim me deixaria tão movido, eu nem teria vindo. Eu não quero te perder, por favor, não casa com ele, eu amo meu irmão, ele é meu sangue, mas por favor, não.
Ela fica em silêncio, eu tento me aproximar mas minhas pernas não são fortes pra isso, ela mexe com toda minha cabeça por estar tão perto de mim mas ao mesmo tempo tão longe.
— MATHEUS VAMOS ENTRAR!!!! — A voz era da Gabi, melhor amiga dela, eu abaixo a cabeça e saio. Talvez não era pra ser.
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Destinado - Matuê.
Romance" Ele não me deu as flores, ou doces. Ele me deu as estrelas e o infinito."