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Sol, Los Angeles às 2 da manhã.

— É seu aniversário e o Thiago quer muito te conhecer! Não é sempre que meu namorado e minha melhor amiga tem um grande evento no mesmo dia. — Gabi exclamou pra mim enquanto eu tomava meu drink preferido, um Cosmopolitan. 

— Eu vou ok? É meu dia e a gente só vive uma vez! Foda-se, estamos em LA. —  Eu afirmo virando a taça e Jorge concorda com a cabeça, nós saímos do meu bar preferido e fomos em direção a balada onde Thiago, ou melhor, Veigh como a maioria das pessoas conhece, ia se apresentar.  

O caminho foi animado, estava com a cara pra fora da janela aproveitado um vento, Gabi mandava mensagem para seu namorado e Jorge cantava Taylor Swift enquanto tocava no rádio. Avisto a porta do local e pulo para fora do carro, alguém da equipe do cantor nos aguardava do lado de fora, quando fomos entrando observo os camarins com milhares de nomes de artistas brasileiros.

Matuê

—Thi! Essa é a Sol! — Minha amiga nos apresenta e ele vem ate mim para um abraço. Passamos alguns minutos conversando até que a produção avisa que o primeiro show da noite iria começar.

— Oh, o Tuê vai subir no palco agora 'tá ligado? Vou dar uma olhada lá no show do mano, vocês vem? —  Veigh nos pergunta e eu apenas aceito, pego uma garrafa de água pra matar a minha boca seca de tanto falar.

A medida que nos aproximamos do palco eu começo a ouvir um refrão conhecido.

— Quando eu bato o olho nela

Não paro de imaginar besteira 

Deve ser só loucura da bebida na minha cabeça.

Eu me posiciono no canto do palco junto com todos e direciono meu olhar pro centro das luzes, era ele. Ele era o centro de tudo, o meu Matheus. A minha música. 

Começo a me afastar do local tentando deixar o menos óbvio possível, meu estômago fazia mil e uma voltas, tinha a sensação que as paredes do meu redor se fechavam, eu nunca mais tinha visto ele depois daquela noite, o dia que eu decidi seguir em frente e ir embora de casa, o dia que eu tentei minha sorte em uma faculdade no exterior apenas pra me fechar de todo o mundo além do meu quarto.

— Carai, desculpa aê.. Sorry, sei lá — Um menino com os olhos grandes e vermelhos diz depois de quase me derrubar no chão, ele estava com pressa em direção ao palco então eu mal consegui analisa-lo.  

Talvez ter me alienado do mundo cultural, principalmente o brasileiro não tivesse sido uma boa ideia, eu provavelmente teria conseguido evitar esse constrangimento de estar na frente do meu ex enquanto ele canta a música que me escreveu na nossa viagem.

Ligo a tela do meu celular e pesquiso:

Matuê

E ele estava lá. Tentei pensar rápido em uma solução e decidi ir embora, disse para Jorge que eu tinha encontrado alguém e estávamos indo para tomar alguns drinks e ele me deixaria em casa, o meu amigo nem questionou, estava tão bêbado que aquilo não significava nada para ele. Demorei alguns minutos para conseguir encontrar uma saída, ela estava no outro lado do palco pra isso eu teria que arriscar trombar nele.

 — Que merda, tantos dias pra isso acontecer, justo hoje Deus? — Resmunguei apertando o passo e olhando para a tela do celular afim de achar um motorista que pudesse me levar para casa o mais rápido possível.

Até que sinto mais um esbarrão, um corpo suado quase me derruba no chão e eu olho para o lado, era Matheus, mais lindo do que da última vez que nos vimos, o tempo passou para ele mas ele continuava com o mesmo brilho no olhar.

— Perdão aê, loirinha. —  O mesmo diz sem nem me olhar, apenas me contornando e saindo do lugar, eu me apresso para a saída, sinto um olhar queimar minha nuca e torço para que ele não tenha me percebido.

 

Destinado - Matuê.Onde histórias criam vida. Descubra agora