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Kim

Saí de casa há mais de uma hora para esperar pelo Porchay e segui-lo até à faculdade, como sempre faço, mas até agora ele não apareceu. E isso não faz sentido. O Porchay nunca se atrasa. Nem mesmo nos dias em que está cansado ou de mau humor. A esta altura, a ansiedade já me está a consumir. Desde ontem, depois da discussão, que não consigo tirar a sensação de preocupação da cabeça, e agora este atraso está a deixar-me à beira da loucura.

Olho para o relógio, batendo os dedos impacientemente no volante. Nada. O tempo passa e ele não dá sinal. A cada minuto que passa, a inquietação cresce dentro de mim.

Já chega. Não vou ficar aqui parado à espera. Se algo aconteceu, vou descobrir com os meus próprios olhos. Ligo o carro e arranco rapidamente em direção ao prédio do Kinn. Acelero mais do que devia, ignorando o trânsito e as buzinas irritadas dos outros condutores. Estaciono de qualquer maneira na frente do edifício e saio do carro num impulso, sem sequer me preocupar se tranquei a porta ou não.

Assim que chego à entrada, sou recebido por uma cena caótica. Os seguranças correm de um lado para o outro, falando entre si de forma urgente. Há um clima de tensão no ar. Algo está definitivamente errado. Tento ignorar essa sensação de mau presságio e dirijo-me diretamente para o elevador. Subo até ao andar do escritório do Kinn e, quando as portas se abrem, sou surpreendido por algo ainda mais estranho: toda a minha família está reunida ali.

Isso não é normal. Nem um pouco. A única vez que nos juntamos assim é para ocasiões específicas, como um jantar ou uma reunião importante. Mas agora... agora todos estão sérios, tensos, como se estivessem à espera de um desastre.

— Ok, já percebi que aconteceu alguma coisa — digo, quebrando o silêncio ao entrar. Sem hesitar, sento-me ao lado do Tankhun, que é o único que parece minimamente calmo. — O que aconteceu? — pergunto, sem paciência para rodeios.

O Porsche suspira profundamente. Pela primeira vez desde que entrei, vejo o olhar dele completamente carregado de aflição. O seu rosto parece mais pálido do que o normal, e então, num instante, vejo algo que me faz perder o fôlego: Porsche está a chorar.

— O Porchay, ele... — começa ele, e no momento em que ouço o nome, todo o meu corpo entra em alerta máximo.

O meu coração dispara dentro do peito, e a respiração torna-se irregular. Um pavor frio sobe pela minha espinha.

— O Porchay desapareceu, Kim. Ninguém sabe dele desde ontem à noite. Nas câmaras de segurança, vê-se que ele saiu do prédio, mas depois disso, ninguém mais conseguiu entrar em contacto com ele.

— O quê?!

O chão desaparece debaixo de mim. Tudo à minha volta desacelera como se estivesse em câmara lenta. Os sons tornam-se abafados, distantes. A única coisa que ecoa na minha mente são as palavras do Porsche. O Porchay desapareceu. Ele saiu sozinho, sem ninguém para o proteger.

E se alguém o levou? E se o magoaram?

O pensamento acende dentro de mim uma raiva descontrolada, como um fogo que me consome por inteiro. A adrenalina toma conta do meu corpo, e antes que eu perceba, já não estou no controlo.

Num instante, avanço para cima do Porsche e acerto-lhe um soco forte o suficiente para o derrubar no chão. Ouço um estalo surdo quando ele cai, e vejo o sangue brotar do seu lábio.

— Porra, Kimhan! Olha o que fizeste! Qual é o teu problema?! O Porsche está preocupado com o Porchay e tu fazes isto?! — Kinn resmunga, segurando-me para me afastar dele.

Depois De Tudo, Ainda Te AmoOnde histórias criam vida. Descubra agora