Vale mais que sal (Rentan)

Desperto

“… ku.”

“...ngoku.”

“Rengoku!”

Kyojuro acordou de repente e ergueu a cabeça, encontrando os olhos da pessoa que o acordou. Kocho estava ao lado dele na beira do engawa, inclinando-se para olhar seu rosto.

“Yoo-hoo,” ela cumprimentou alegremente. “Bom dia, Rengoku. Está muito frio esta manhã. Gostaria que alguém lhe trouxesse um cobertor?"

“Isso não será necessário!” Kyojuro respondeu, ainda superando o choque por ter evidentemente adormecido enquanto estava sentado do lado de fora. Sua xícara de chá do café da manhã estava em suas mãos quase virada. Ele o largou, tentando se levantar, mas Kocho colocou a mão em seu ombro.

“Por favor, não se preocupe por minha causa”, disse ela, sorrindo. “Só vim te procurar porque você perdeu nossa reunião.”

"Eu fiz?" Kyojuro respondeu. "Você tem minhas desculpas!"

Kocho lentamente se agachou ao lado dele e depois se mexeu até ela se sentar. Ela cruzou as mãos no colo, olhando para a paisagem além da área cercada.

“Você também perdeu a última reunião, se bem se lembra”, ela disse, num tom que sugeria que ela esperava que ele tivesse perdido.

“Suponho que sim”, ele respondeu. Kocho virou-se para olhá-lo, com um olhar ilegível.

“Rengoku…” Ela balançou a cabeça. “Bem, não posso dizer que entendo o que você está passando, porque não entendo. Mas eu vejo você quase todos os dias. Você está sempre trabalhando duro, de manhã à noite. Exceto quando você visita Kamado.”

Kyojuro olhou para frente. Ele abriu a boca, mas achou difícil encontrar as palavras que queria dizer.

“Há algumas coisas sobre as quais precisamos conversar.”

"Eu sei."

“Dito isto”, disse Kocho, batendo com o ombro nele, o que não era um carinho que ela normalmente permitia, “não estamos em meu escritório, então deixarei você decidir quando teremos essa conversa. Porém, se você me fizer esperar muito mais, eu mesmo amarrarei você na cadeira."

O sorriso dela daquela vez foi cruel.

“Eu queria te perguntar uma coisa”, ela continuou, recostando-se. “Desde que você perdeu nossas duas últimas reuniões.”

"Pergunta à vontade! É o mínimo que devo a você, Kocho, pela sua assistência contínua.”

“Você mencionou que estava tendo dificuldade para dormir há algumas semanas. Conversamos sobre isso apenas brevemente, mas me perguntei se isso teria melhorado com meu conselho.”

Kyojuro ainda não tinha contado a metade a ela. Ele nunca havia lutado contra a insônia quando criança, nem quando adulto, mas recentemente mal conseguia dormir algumas horas por noite. Kocho aconselhou certificar-se de que sua pele estivesse devidamente impregnada com o cheiro de seu companheiro para aliviar esse problema, mas com Tanjiro em coma, o melhor que ele conseguiu foi esfregá-lo em seus órgãos vitais de manhã e à noite.

“Isso ajudou”, disse ele. "Um pouco! Temo não ver nenhuma mudança até que Tanjiro acorde.”

“Você já pensou em dormir no mesmo quarto que ele?” ela perguntou. “Estou ciente de que vocês dormem separados. Pode ajudar."