0.7

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Passo as mãos no cabelo sentindo tudo começar a ficar preto. Seguro na bancada da cozinha, aperto minha mão no pano lembrando do que ouvi da minha mãe e depois de ouvir meu advogado dizendo que eu poderia ser preso por contas do vestido da senhora Kwan.

Tá tudo acontecendo tão rápido, queria ter mais tempo, mas o Jeon voltou e estou sendo processado. Não consigo cuidar da minha loja, minhas clientes já estão me ligando e dizendo que estão decepcionadas com o meu trabalho, queria que elas soubessem o que está acontecendo na minha vida, quem sabe elas me dão um descanso.

Criar uma coisa e ver ela crescer e estar quase perdendo é doloroso demais. Se não fosse por me esconder durante anos e ter mantido o Yoreum seguro, o Jeon poderia ter descoberto e ter o tirado de mim, jogando na minha cara que eu traí ele e eu poderia trair meu filho.

- Pai, tudo bem aí? - olho para ele. Olho para o pescoço dele e vejo um vermelho, ainda está vermelho. Me seguro para não chorar, ver ele enforcando meu filho foi o caos, senti meu mundo desmoronar.

Viro o rosto e volto a lavar a louça evitando olhar para o seu pescoço.

- Achei que você tinha saído. - ignoro sua pergunta, é o melhor jeito de não querer preocupar ele

- Resolvi ficar. - ele diz e escuto a geladeira abrindo e fechando.

- Tá bom. Não vou trabalhar hoje. - Limpo minha mão no pano e termino de tomar minha água.

- Já faz uma semana, não quer conversar sobre o que aconteceu? - pergunta o adulto.

- Não, não quero. - não quero conversar com você sobre isso, filho. Ele sai da cozinha e o escuto subir a escada e depois a porta do seu quando bater.

Coloco a mão na boca começando a sentir falta de ar e tiro o pano do meu ombro o jogando em cima da mesa. Começo a chorar baixo sentindo o peso em meus ombros, como se estivesse me empurrando para baixo.

Escuto o som da campainha, levanto minha cabeça e limpo meu rosto que está vermelho. Toca novamente e eu vou até a porta limpando mais uma vez o rosto evitando mostrar que estava chorando, só que é impossível. Espero muito que seja o Taehyung, quero chorar no colo do meu amigo.

Abro a porta e dei de cara com um homem de terno. Olhos médios, lábios grossos, nariz pequeno e cabelo com um nível mediano e uma feição de riqueza.

- Park Jimin - não foi uma pergunta, mas sim uma arfimacão e um tom ardido, de nojo.

- Posso te ajudar? - pergunto, ele tem cara de advogado.

- Não se lembra de mim? - pergunta, e eu já me afasto prestes a fechar a porta e chamar o Yoreum. O cheiro dele não me é estranho, já senti em algum lugar, só não me lembro onde.

- Deveria? - meu tom é curto e ele dá uma risada.

- Sou o Kim Namjoon. Amigo do Jungkook, não se lembra mesmo? - Ah, saquei. O Namjoon, o amigo que protege ele mais que a pai e a mãe.

- Ah, Namjoon. O amigo do Jungkook - digo rápido me dando conta do que está acontecendo. - Você está diferente, não me lembrava de você.

- O casamento fez bem. - diz ele com o mínimo sorriso.

- O que te trás aqui Namjoon? Achei que fosse amigo do Jeon. - ele passa a mão na cabeça como se estivesse envergonhado, o que é uma falsidade, ele nunca fica envergonhado.

- Eu sou amigo dele, por isso que estou aqui. Também sou advogado, outro motivo para estar aqui. Quiz trazer pessoalmente isso para você. - tira uma carta amarela do bolso. Quando vou pegar ele puxa novamente para si. - Te vejo nos tribunais.

O Príncipe Perdido · pjm + jjkOnde histórias criam vida. Descubra agora