06

1.3K 97 4
                                    

A reação do meu corpo logo passa e me sento um pouco mais afastado dele, Steve se senta ao meu lado, um cadeira de distância. Para quem está acostumado com a vida diária na Torre, esse lugar me parece um pouco vazio demais. O clima um pouco tenso, Winter sequer tenta disfarçar que está me olhando. Me encara como se estivesse vendo meu interior.

Steve se levanta e coloca um pouco de líquido, — o que eu espero que seja café — numa caneca e me entrega.

— Eu posso me servir, capitão.

— Só ia servir o café. — Se defende. Ás vezes, acho que ele facilmente serviria minha comida e me daria na boca se eu quisesse.

— Acho que não estou com fome. — Comento, enquanto olho a mesa que está com uma quantidade considerável de comida. Sequer sei o que pegar para comer, meu estômago começa a revirar.

Ouço o som da cadeira se arrastando e me viro para olhar.

— Puta mer-! — solto ao ver Winter ao meu lado, perto demais.

— Línguagem! — Reviro os olhos, isso lá são horas?!

— Como chegou aqui tão rápido?! — Pergunto por reflexo. Ele não me responde, apenas me estende uma bandeja com... eu não sei o que é. Pão? Salgado? Doce? Pego um calmamente e ele coloca a bandeja em minha frente. — Hmh isso é bom. — Doce.

Ele deixa o vislumbre de um sorriso transparecer. Espero até que ele volte ao seu lugar, mas ele não o faz, fica parado me olhando, é incômodo.

— Sente-se. — Peço, sem fazer qualquer movimento. Meu corpo meio rígido.

— É Winter. — Diz Steve simplesmente. É óbvio que é Winter, consigo ver em seus olhos de cachorrinho, seu olhar não condiz com o fato dele ser um assassino.

— Sente-se. — Peço novamente, sinalizando a cadeira. Dessa vez ele se senta, aproxima mais a cadeira ao meu lado — Eu não acredito que você não entenda Inglês. Se você divide seu corpo com Bucky, certamente entende Inglês! — Uma situação muito curiosa, no mínimo.

— Por que você fala como se fossem duas pessoas?

— Porque são. — Ele me olha sem entender — Ou você acha que Bruce e Hulk são a mesma pessoa?

— É diferente...

— Como?

— O corpo muda.

— Nah, eles não são a mesma pessoa, porque a consciência não é a mesma. Não importa se o corpo é o mesmo ou se ele muda, o que importa é a consciência. Quem está no comando. — Comento, enquanto levo a caneca até a boca. É curioso que Bucky deixe Winter no comando tão despretenciosamente, qual será o gatilho?

— Você parece saber muito sobre o assunto... — Dou de ombros.

— Quando fiquei sabendo de Bruce, tive que pesquisar sobre. Ele me causava curiosidade... não gosto de ter incógnitas em minha cabeça. — O que me causa incógnitas nesse momento são Bucky e Winter. A situação deles me enche de curiosidade. Também tenho uma incógnita para Steve, mas por outro motivo.

— Não é atoa que é seu melhor amigo. — Sua voz não sai tão gentil como de costume.

— A gente se entende, somos super-gênios, afinal. — Sorrio e lanço uma piscadela. — Portanto, — enuncio me virando para Winter. — trate de falar Inglês, eu sei que me entende, não faz sentido ter uma conversa unilateral. — Digo como uma intimação, não que eu pretendesse ter uma conversa com ele, mas quero saber o que ele está falando.

Ele apenas me encara com intensidade, Steve passa para a cadeira ao lado da minha, chamando minha atenção para si.

— Olhe para mim. — Exige, sua voz sai lenta e rouca, sinto meu meu corpo esquentar. Meu olhar desce até seus lábios, por um instante imagino como seria beijá-lo. Como seria ter seus lábios finos colados ao meus? Balanço a cabeça lentamente por reflexo, tento me distanciar desses pensamentos.

— я хочу Энтони для меня — Sussurra Winter em meu ouvido e sinto um arrepio percorrer meu corpo. — Будь моей, котенок.*

Puta merda! Sinto que toda a sanidade que ainda me resta está se esvaindo. Eles me olham como se pudessem me devorar e por um instante, acredito que eles realmente possam. É impressão minha, ou está quente aqui? Fico levemente ofegante, eles nem precisaram me tocar pra isso.

Um pensamento surge em minha mente: Como seria ter os dois me tocando?

Me levanto bruscamente ao me dar conta do que pensei. Eles ainda vão me deixar louco!

— Tony! — Ouço a voz de Shuri e procuro por ela, meio desnorteado. Sorrio assim que a vejo.

— Shuri... — Minha voz sai baixa — o que acha de mostrar o seu Labi? — Pergunto como forma de me afastar desses dois. Ela sorri largo.

— É para isso que estou aqui! — Minha heroína! Ando a passos largos até ela.

— Até logo, Tony. — Diz Steve, me viro para olhá-los. Santo deus! Sorriem como se achassem divertido me deixar nesse estado... e eles nem fizeram nada. Separados são uma visão e tanto, juntos serão minha perdição. Que os deuses me ajudem.

— Eles parecem querer te devorar. — Comenta, me guiando pelo corredor.

— Você me salvou...

— Para quem queria distância, você parecia bem próximo.

— Não consegui me afastar...

— Hmmm eles são bonitos, acho natural... eles nem disfarçam mais.

— Vamos mudar de assunto? — É estranho falar sobre isso com ela. — Acho que nunca mais saio do seu Labi quando chegar lá.

— Ah, disso não tenho dúvida, meu Labi é como um parque de diversões. Entretanto, você terá que sair... não quero meu local de refúgio sendo invadido por aqueles dois.

— Que má.

— Não que eu ache que eles vão fazer alguma coisa, mas suas presenças seriam incômodas.

— Prometo não deixá-los invadir. — Ela sorri, parece ter se dado conta de algo.

— O que acha de tentar arrumar o braço de Bucky? — Seus olhos brilham com a idéia.

— Você acabou de falar que não os quer lá!

— É... Isso é uma excessão! Você faz a parte difícil, tocar nele. E depois-

— O que te faz pensar que ele aceitaria?

— Não sei, talvez o fato dele ter quase te devorado com o olhar?! Ele não vai querer perder a oportunidade de estar perto de você, ainda mais te tocando.

— Está querendo me usar?! O que te faz achar que eu ia querer estar perto dele?

— Seria muito mais fácil se você aceitasse logo ficar com ele... — Estreito os olhos a encarando — Por favorzinho, é para um bem maior! Fala que não está doido pra ter acesso áquele braço, é um trabalho e tanto. Seria nosso primeiro projeto! — Seus olhinhos brilham de um jeito fofo, reviro os olhos.

— Tudo bem. — me dou por vencido. — se alguma coisa der errado, a culpa é sua!

— O que poderia dar errado? — inclina um pouco a cabeça para o lado em confusão.

— Não sei, mas a culpa será sua!

Egoism - Stony e IronWinter Onde histórias criam vida. Descubra agora