— Não precisa se importar, senhorita Kalyn. – Lorin comenta com as mãos ocupadas.
Os pratos que ele lava são o sinal de todo o banquete que foi feito. Muito pouco sobrou e se elfos tivessem um estômago maior, certamente teriam os três devorado a mesa junto.
— É o mínimo que posso fazer. – a menina responde.
— Hnf, diz isso aos dois ali. – ele balança o queixo para os dois sentados à frente do fogo, relaxados com a barriguinha estufada. – Deviam ter o seu nível de educação e te tomar como exemplo, mas, ainda assim. – o elfo de olhos esmeralda sorri. – Não se preocupe com isso, menina. Pode descansar que está tudo certo.
— Certeza? – seus ombros perdem a tensão, no fundo, Kalyn quer é puxar a palha.
— Sim, fica à vontade, é nossa inquilina por hoje, não é? Ah, minha mãe vai fazer pão amanhã cedo para vocês, e ela é famosa pelo pão com mel, e teremos leite de cabra do avô Zal.
— Ah, não fala assim que eu já fico com fome de novo. – a menina brinca.
Seu sorriso tão gentil deixa o rapaz desconcertado, quase ao ponto de deixar escapulir um dos preciosos pratos de sua mãe, e com um frio na barriga sua atenção rapidamente muda de sentido e agarra o prato a milímetros de encontrar a tábua de madeira que lhe serve de pia e suporta para os dois baldes de pouca altura, a madeira escura com um anel de ferro escuro o reforçando possuem ambos água, porém, um tem sabão e outro apenas água. E logo depois, um suporte para todos os talheres, pratos e panelas é pintado com diferentes cores, quase num arco-íris que contrasta com as prateleiras acima tão cheias dos mais variados ingredientes e jarros de barro e cerâmica.
Agradecendo aos deuses por ele ter recusado sua ajuda, Kalyn bate as mãos a cada lado de sua cintura e suspira fundo, observando mais uma vez a cozinha tão gentilmente clara pelas velas nos pilares das paredes, para a sala de fogo avermelhado onde Elerin se recosta no sofá como se fosse dono do móvel, quase derretido ali, e Mozi está no canto, com as mãos por sobre o escoro de braço, pensativo, ao que parece.
O seu olhar rubro vasculha nas palmas de suas mãos alguma resposta para uma pergunta que Kalyn adoraria saber qual é. Mas o ânimo da garota salta quando arruma sua própria postura e se aproxima deles de novo.
Sua presença é atendida por Mozi com o levantar do rosto, se prepara para o que for que Kalyn vá dizer.
— Então, se importam em dividir a cama? – ela questiona os dois.
— Dormir com ele? – Elerin aponta ao outro menino. – Hnf... se ele se mexer demais a noite eu chuto ele pra fora da cama.
— A-ah! Eu não me mexo não! – ele reclama à acusação.
— Pessoal. – Kalyn sorri. – Um deita pra um lado, e o outro pro outro. Tá? – sem dar muito tempo para pensarem, ela simplesmente diz. – Eu vou indo dormir agora, então, é isso.
Elerin mal olha para ela, parece ter a atenção totalmente fixada no fogo a sua frente, com a mão abaixo do queixo e o indicador subindo pela maxila até a bochecha direita, seu olhar firme parece de alguém que se lembra de algo, ou ao menos tenta.
— Tá bem Kalyn. – Mozi a responde. – E-eu vou ir dormir também.
Só quando ele fala que parece tirar o outro elfo do transe, o susto o faz olhar para os lados e depois aos dois que está de pé a sua esquerda.
— Ah, também.
Dando de ombro, Kalyn se vira a Lorin e acena um até logo.
— Então, boa noite a você.
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As Relíquias Imperiais - O Príncipe Vermelho
Fantasia"Após muito ponderar sobre a necessidade de novas histórias e pensar nas anteriores, me decidi, finalmente. E trazer a memória do mais importante império de Myracroduon me pareceu uma excelente ideia e ponto de partida. Nesta obra, vamos acompanhar...