Capítulo dezoito - uma mentira?

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Blair Finnegan

— Por que não fala para ele? — perguntei a Maeve enquanto tirávamos as cadeiras de cima da mesa as ajeitando no chão antes do bar abrir.

Ela não olhou para mim. Posicionou a última cadeira e ficou encostada nela por um momento.

— Ele perdeu a esposa, tem uma filha de oito anos, um bar para administrar e o pai está doente — finalmente olhando para meu rosto, deixando transparecer toda a dor que escondia por trás do semblante cheio de otimismo.

— A última coisa da qual ele precisa é da funcionária se declarando para ele. — balancei a cabeça.

— Você o ama, não é?

Era uma pergunta idiota, mas talvez se ela dissesse em voz alta sua aflição poderia diminuir um pouco.

Maeve fitou as próprias mãos, para evitar meu olhar. Ela sabia que seus olhos falavam mais que sua boca.

— Não sei se é amor, mas posso dizer que a única coisa que importa é que ele e a filha sejam felizes.

Os sinais eram quase cristalinos, ela se importava com ele e o bem-estar da filha dele. O amor funcionava assim, você se apaixonava pela pessoa quando não sabia nada sobre ela, mas quando era amor nossos sentidos ultrapassavam qualquer barreira, a paixão nos deixava egoístas, enquanto o amor era capaz de atiçar os maiores atos de altruísmo.

— Maeve? — ela ainda encarava as mãos.

Circulei a mesa chegando até ela, peguei suas mãos, quando mirei seu rosto, lágrimas trilhavam suas bochechas.

— Eu estou bem, Blair.

— Eu sei.

Ela não estava bem, nada bem, mas entendia esse sentimento, o impulso da mentira, as mentiras que se contava para si mesma, sabia porque também fazia isso, dizer que estava bem, apenas para desabar mais tarde sozinha, mas ela não precisava fazer isso sozinha, ela tinha a mim.

Soltei suas mãos para poder abraçá-la. Não havia ninguém no bar, Edward e Jake ainda não chegaram, Hunter e Matt estavam fora da cidade, em uma viagem do time, já faziam dois dias, segundo eles retornavam no sábado. Estava sentindo falta dos dois, teria que confessar que me acostumei a sempre estar com eles.

Sábado era aniversário de Hunter e ainda não sabia o que comprar para ele de presente, ele deixou claro que não queria nada, mas merecia alguma coisa especial. Porém no momento minha prioridade era ajudar a aliviar o sentimento da minha amiga, amar alguém que não poderia ter, doía, rasgava o peito de uma forma terrível.

Maeve era um pouco mais alta, talvez uns dez centímetros, ela era carismática, sempre sorrindo, os cabelos loiros nos ombros, os olhos verdes brilhando, nada parecia nublar seus dias, mas aparentemente seus dias de sol também carregavam nuvens pesadas, as pessoas esquecem das sorridentes, das felizes o tempo inteiro, sorriso não era sinônimo de felicidade, e desde o dia que Hunter falou que se ele parasse para ser triste nunca mais voltaria a sorrir, mudou meu julgamento sobre felicidade.

Não existia esse negócio de dias felizes, vinte e quatro horas constantes de plena alegria, às vezes um dos dias felizes da nossa vida foi borrado por alguns segundos de infelicidade, e aquele segundo apagou qualquer outra memória boa, porque a parte ruim sempre cobria a parte boa, isso não acontecia com coisas boas, um momento bom, não fazia com que a parte ruim fosse embora.

O segredo era tentar encontrar lembranças boas, até em momentos devastadores, para que a esperança pudesse brotar.

— Porque está doendo tanto, Blair?

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