Capítulo doze - Sei o que é amor

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Blair Finnegan

As pessoas subestimam o poder de um primeiro amor, esquecem o quanto o primeiro amor se enraíza em seu coração como uma erva daninha, ele cresce e era impossível arrancar. Scotty foi meu primeiro, meu primeiro beijo, o primeiro que fez meu coração bater mais forte, ele foi o dono de todas as minhas primeiras vezes.

Pensei que três meses fossem o suficiente para superar tudo, mas não foi. Não se supera um coração partido em tão pouco tempo.

Scotty me seguiu com os olhos durante todo o meu turno no bar, dando goles em sua cerveja, rindo com os amigos, mas a todo instante me observando pelo canto do olho, ele tentava disfarçar, mas em alguns momentos seus olhares não eram nada sutis, eu me esforçava para ignorar sua existência. Embora tudo isso me incomodasse, não queria ter saído daquele depósito, queria ter ficado lá, encolhida no chão e chorar até não haver mais lágrimas, pensei que não houvesse mais lágrimas por Scotty, pensava que teria gastado todo meu estoque nos últimos três meses.

Quando fechava os olhos às lágrimas tentavam me derrubar novamente. Nós tínhamos planos, estudaríamos na mesma faculdade, passaríamos os finais de semana fazendo piqueniques em parques, assistindo lançamentos no cinema, fazendo compras em Nova York. Por muito tempo pensei que ele fosse o amor da minha vida, talvez Hunter tivesse razão, talvez o tipo de amor que leio em livros não exista, talvez uma pessoa real não consiga amar sua pior versão. Nos últimos anos do colégio andava tão exausta e estressada que talvez a minha relação com Scotty estivesse se exaurindo, desgastando como uma rocha exposta ao tempo, e eu sequer tinha notado.

Repassei em minha cabeça milhares de versões daquela noite da festa de formatura. O que teria acontecido se não tivesse pegado Scotty no flagra? Ele teria continuado com seu caso? Teria terminado comigo? Ou continuaria mentindo?

Não sabia a resposta. Não sabia se conhecia Scotty tão bem para saber até que ponto ele iria.

A mesma garota com a qual estava beijando na festa, ele trouxe hoje para o bar. Não gostava de relembrar aquela cena, foi como se tivesse levado um tiro direto no coração.

Ao final do meu turno já passava das duas da manhã, estava exausta, meus músculos doloridos pelo meu corpo rígido durante toda a noite, preparada para enfrentar Scotty se ele ousasse falar comigo. Ele foi o último cliente a deixar o bar, seus amigos foram indo embora à medida que as horas passavam, a garota foi a única a permanecer mais tempo, tinha acabado de sair. Scotty tomou um último gole da sua bebida deixando o dinheiro da conta sobre a mesa, finalmente indo embora.

Meu corpo relaxou quando o viu cruzando as portas. Queria que ele saísse do meu coração como saiu desse bar, caminhando por vontade própria, e não sendo arrancado à força, porque eu estava usando todas as minhas forças e já começava a ficar cansada.

Meus pensamentos foram cortados pela voz rouca de Hunter.

— Me espera lá fora, já estou terminando. — ele pediu organizando mais algumas mesas, Maeve já tinha saído, hoje era meu dia de organizar as coisas antes de ir embora, mesmo que Eve tenha insistido a me ajudar, mas Hunter a tranquilizou dizendo que ficaria comigo, ela finalmente cedeu, me acolhendo em um abraço antes de sair. Contei a ela o que tinha acontecido entre eu e Scotty, Maeve se segurou toda a noite para não dar um soco nele, olhando feio e fazendo caretas para a mesa na qual ele estava. Acho que acabava de fazer mais uma amiga nessa cidade.

— Tem certeza? — perguntei para Hunter. Ele se afastou das mesas vindo até mim, que terminava de limpar o balcão do bar, se inclinando ele beija minha testa, com balcão entre nós, Hunter pega o pano que usei na limpeza.

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