Capítulo vinte e dois - fim de um laço

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Blair Finnegan

— O que significa isso, Blair? — a voz incisiva da minha avó tomou o cômodo, a porta do quarto escancarada. Sentei na cama em segundos, Hunter parecia tentar raciocinar tudo que estava acontecendo. Deveria ter trancado a porta ontem, antes de deitar, mas não passou pela minha cabeça que meus avós voltariam tão cedo para casa. Uma porta trancada e tudo isso teria sido evitado.

Ela pegou meu robe de cima da poltrona e jogou para mim.

— Vista isso e me encontre lá embaixo! — ordenou, mas antes de sair olhou para Hunter com uma cara de decepção. Não queria que ele tivesse que passar pelo julgamento de minha avó, ela conseguia ser bem maldosa quando esse era o objetivo.

Vesti o tecido fino do robe sobre minha camisola, e Hunter calçava os sapatos.

— Hunter? — o chamei. Ele virou o tronco para olhar para mim. Engatinhei pela cama até chegar na ponta ao seu lado, passei os dedos pelo seu cabelo com a intenção de arrumá-los no lugar, ele me olhou com um olhar que escondia alguma coisa.

— Não importa o que ela disser, eu amo você. — confessei. Ele não pareceu surpreso, apenas fechou os olhos por um instante e prendeu o ar, como se quisesse congelar o tempo, ou minhas palavras.

Ele abriu os olhos, retirando a minha mão de seu cabelo, beijando de leve, pensei que ele diria alguma coisa, esperava por isso, uma declaração antes de enfrentar minha avó. Porém, ele levantou da cama e saiu do quarto, me deixando sozinha, sem nenhuma resposta.

Respirei fundo para tentar afugentar as lágrimas em profundo choque com a frieza na reação de Hunter ao ouvir os meus sentimentos por ele.

Ele não me amava? Era isso?

Não fazia sentido, porque ele não disse nada?

Antes de ser tomada por minhas emoções, desci as escadas com um nó na garganta, o sonho de ontem a noite se tornou um pesadelo pela manhã. Um anoitecer de ondas calmas não me prepararam para a tempestade do amanhecer.

Ajeitei minha postura no último degrau, mantendo minha cabeça erguida, não vou chorar, chega disso, vou enfrentar tudo de uma forma controlada, pelo menos na frente de minha avó.

Ao entrar na sala, Hunter já estava sentado em um dos sofás, minha avó estava em pé observando o jardim pelas grandes janelas, e meu avô parecia relutante ao estar presente, posicionado em uma das poltronas de couro de frente para Hunter. Meu avô sempre foi discreto, gostava de tratar assuntos em particular, nunca com minha avó junto, ele dizia que as opiniões dela eram rígidas demais.

Mas no momento nenhum de nós seria capaz de escapar da fúria dela.

Ela se virou ao perceber minha presença desviando o olhar das flores do jardim para mim.

— Sente-se, Blair.

Um pouco sem paciência fiz o que pediu.

Ela caminhou até a poltrona ao lado de meu avô se acomodando. O salto vermelho, o vestido caro, o colar de pérolas, e seu ar de superioridade, tinha que admitir que não sentia falta de nada disso. Nunca fui tratada como neta, mas como um investimento no futuro da família, ao herdar a fortuna, o nome e o escritório prestigiado. Manter o legado vivo.

— O que New Haven fez com você, Blair? — ela começou, culpando uma cidade por minha rebeldia, quando a culpada por eu ser obrigada a esconder as coisas era ela mesma, se ela fosse um pouco compreensiva eu não teria motivos para mentir.

— Foi uma grande surpresa quando eu e seu avô aparecemos nos dormitórios em Yale e nos falaram que não havia nenhuma estudante com seu nome lá, que você cancelou sua vaga para morar em outro lugar.

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