Capítulo seis - Flertes sem segundas intenções

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Hunter Brooks

Tédio. Uma chuva fraca embaçava o vidro da janela da sala, o outono mostrando seus primeiros indícios, e isso me lembrava dos jogos que terei de abrir mão nessa temporada. Batalhei muito para chegar ao meu posto de capitão do time, foi um longo ano provando que eu podia liderá-los da melhor forma. O treinador Fletcher testou quase todos do time para escolher um de nós para o cargo, cada jogo eu tentava me esforçar ainda mais para conseguir algum destaque, meu objetivo sempre foi sair da faculdade com uma vaga em uma grande liga de Beisebol, mas talvez minha contusão fosse capaz de causar mais estragos em meu futuro planejado do que gostaria de admitir.

Era muita coisa para se pensar.

Além do beisebol, eu me virava bem na escrita, estava cursando meu primeiro ano de jornalismo, se alguma coisa desse errado e não pudesse mais jogar em um time, serviria como um jornalista esportivo.

Durante o ensino médio substituí um dos meus colegas no jornal da escola, cobrindo alguns jogos durante o último ano, o que foi uma grande experiência para dizer a verdade, gostei bastante de escrever, talvez ser minha segunda opção não fosse tão terrível assim.

"Foque no plano A, mas sempre tenha um plano B."

Conseguia ouvir os sussurros de meu avô. Ele sempre dizia que a vida era caótica demais para se ter apenas um plano. Nunca tente passar por essa vida sem trapacear, a derrube antes que ela derrube você.

Ele tinha razão, minha vida era baseada em seus conhecimentos e conselhos.

Estou no meio de um filme quando a porta do apartamento abriu, meu coração acelerou na esperança de ver Blair, mas foi Matthew que apareceu. Ele estava com parte do cabelo preso e outra solta, vestindo o moletom azul do time, com uma bolsa grande da mesma cor com o nome da universidade em letras brancas gravado nela, provavelmente contendo os equipamentos e roupas sujas do treino de hoje.

Matthew entrou fechando a porta largando as coisas no chão. A desorganização era seu sobrenome, era costume largar suas coisas por todo canto da casa, fácil de prever.

— E aí, Hunter! — ele disse, jogando-se em uma das poltronas, tirando os tênis com as pontas dos pés passando de uma extremidade do calçado para outra, posicionando as pernas sobre a mesinha de centro relaxando.

— Como foi o treino? — perguntei antes de mais nada, estava ansioso para saber como funcionaram as coisas sem mim.

— Ben substituiu sua posição — ele soltou um longo suspiro levando a mão nas têmporas. — Rebateu duas bolas de cinco jogadas, ele é péssimo Hunter, não vamos vencer nenhum jogo com ele rebatendo.

Desliguei a televisão para me concentrar exclusivamente em Matthew e em suas observações sobre as substituições.

— E o Steve?

— Ele está evoluindo no arremesso, o problema é o Ben, e não temos ninguém bom o suficiente para substituir você. — balancei a cabeça concordando. Vencemos quase todos os jogos desde que entrei para o time, não foi apenas por minha causa, todos os jogadores se esforçaram muito para nos mantermos no topo.

— O treinador me contou que você foi bem como capitão. — falei com o treinador mais cedo e recomendei Matthew para me substituir como capitão até minha recuperação, o treinador aprovou minha escolha, e comentou sobre o desempenho impecável de Matt.

— Não tão bom quanto você, Hunt. — ele me olhou como se de alguma forma estivesse me traindo por estar no meu lugar.

Matthew era a escolha certa a se fazer, um bom jogador e seria um ótimo líder. Obviamente não estava radiante diante a situação, eu só tinha dois anos para impressionar os olheiros, e agora minha expectativa mudou para um ano e meio, mas a culpa não era de Matt, ou de Blair, foi um acidente, um acidente que talvez mudaria o rumo de tudo, e mesmo assim não era capaz de alimentar sentimentos negativos perante Blair, meu futuro poderia estar arruinado, mas eu só conseguia pensar no quanto aquela garota me afetou, não no beisebol, talvez de uma outra forma que nem se tentasse decifrar não acharia respostas.

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